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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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A velha com as mãos postas, a face alevantada e os apagados olhos para o céu,oferecia a Deus todo o amargor daquela austeridade que não pensava merecernem lhe parecia entender. Joaninha, que insensivelmente se fora aproximandoda avó, e a tinha como amparada por trás com um dos seus braços, firmava aoutra mão nas costas da cadeira e cravava fita no frade a vista penetrante echeia de luz. A expressão do seu rosto era indefinível: irisava-lho, distinta maspromiscuamente, um misto inextricável de entusiasmo e desanimação, de fé ede incredulidade, de simpatia e de aversão.Disseras que naqueles olhos verdes e naquele rosto mal corado estava o tipo eo símbolo das vacilações do século.— «Padre!» disse a velha com sincera humildade na voz e no gesto, «se omereci, castigai-me. Deus, que me vê e me ouve, bem sabe que o digo emtoda a verdade do meu coração e há de perdoar-me porque eu sou fraca emulher.»— «Pois aos fracos não é que Ele disse: Toma a tua cruz e segue-me.Quem a obrigou a fazer os votos que fez?»— «É verdade, padre, é verdade: bem sei o que prometi, que me votei aDeus de alma e corpo, que me não pertenço, que nem das minhas afeiçõesposso dispor, mas... »— «Mas o quê? Irmã Francisca, a Deus não se engana. Os seus votos nãoforam feitos num mosteiro, nem proferidos num altar no meio das

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