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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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Era um ideal do demi-jour da coquette parisiense: sem arte nem estudo, lhopreparara a natureza no seu boudoir de folhagem perfumado da brisarecendente dos prados.Como nessas poéticas e populares legendas de um dos mais poéticos livrosque se tem escrito, o Flos-sanctorum, em que a ave querida e fadadaacompanha sempre a amável santa da sua afeição — Joaninha não estava alisem o seu mavioso companheiro. Do mais espesso da ramagem, que faziasobrecéu àquele leito de verdura, saía uma torrente de melodias, que vagas eondulantes como a selva com o vento, fortes, bravas, e admiráveis deirregularidade e invenção, como as bárbaras endechas de um poeta selvagemdas montanhas... Era um rouxinol, um dos queridos rouxinóis do vale que alificara de vela e companhia à sua protetora, à menina do seu nome.Com o aproximar dos soldados, e o cochichar do curto diálogo que no fim doúltimo capítulo se referiu, cessara por alguns momentos o delicioso canto daavezinha; mas quando o oficial, postadas as sentinelas a distância, voltou péante pé e entrou cautelosamente para debaixo das árvores, já o rouxinol tinhatornado ao seu canto, e não o suspendeu outra vez agora, antes redobrou detrilos e gorjeios, e do mais alto da sua voz agudíssima veio descaindo depoisnuns suspiros tão magoados, tão sentidos, que não disseras senão quepreludiava à mais terna e maviosa cena de amor que esse vale tivesse visto.

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