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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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— «Eu?»— «Sim tu, Carlos. Revoca as palavras terríveis que proferiste, e em nomede Deus, filho, perdoa a teu...»A Carlos revolvia-se-lhe no peito uma grande luta. O horror, a compaixão, oódio, a piedade iam e vinham-lhe alternadamente do coração às faces, etornavam do rosto para o peito. Uma exclamação involuntária lhe rebentoudos lábios no meio deste combate: — «Padre, padre! e quem assassinou o meupai, quem cegou a minha avó, e quem cobriu de infâmia a minha... A toda aminha família?»— «Tens razão, Carlos, fui eu; eu fiz tudo isso: mata-me. Mas oh! mata-me,pelas tuas mãos, e não me maldigas. Mata-me, mata-me. É decreto da divinajustiça que seja assim. Oh! assim, meu Deus! às mãos dele, Senhor! Seja, e avossa vontade se faça...»O frade caiu de bruços no chão, e com as mãos postas e estendidas para omancebo, clamava: — «Mata-me, mata-me! aqui há pouca vida já: basta queme ponhas o pé sobre o pescoço; esmaga assim o réptil venenoso que mordeuna tua família e que fez a sua desgraça e a de quantos o amaram. Sim, Carlos,sê tu o executor das iras divinas. Mata-me. Tantos anos de penitência e deremorsos nada fizeram; mata-me, livra-me de mim e da ira de Deus que mepersegue.»

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