VIAGENS NA MINHA TERRA

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Nunca dormi tão regalado sono na minha vida. Acordei no outro dia aorepicar incessante e apressurado dos sinos da Alcáçova. Saltei da cama, fui àjanela, e dei com o mais belo, o mais grandioso, e, ao mesmo tempo, maisameno quadro em que ainda pus os meus olhos.No fundo de um largo vale aprazível e sereno, está o sossegado leito do Tejo,cuja areia ruiva e resplandecente apenas se cobre de água junto às margens,donde se debruçam verdes e frescos ainda os salgueiros que as ornam edefendem. Dalém do rio, com os pés no pingue nateiro daquelas terrasaluviais, os ricos olivedos de Alpiarça e Almeirim; depois a vila de D. Manuele a sua charneca e as suas vinhas. Daquém a imensa planície dita do Rossio,semeada de casas, de aldeias, de hortas, de grupos de árvores silvestres, depomares. Mais para a raiz do monte em cujo cimo estou, o pitoresco bairro daRibeira com as suas casas e as suas igrejas, tão graciosas vistas daqui, a suacruz de Santa Iria e as memórias romanescas do seu alfageme.Com os olhos vagando por este quadro imenso e formosíssimo, a imaginaçãotomava-me asas e fugia pelo vago infinito das regiões ideais. Recordações detodos os tempos, pensamentos de todo o género me afluíam ao espírito, e metinham como num sonho em que as imagens mais discordantes e disparatadasse sucedem umas às outras.Mas eram todas melancólicas, todas de saudade, nenhuma de esperança!...
Lembraram-me aqueles versos de Goethe, aqueles sublimes e inimitáveisversos da introdução do Fausto:Ressurgis outra vez, vagas figuras,Vacilantes imagens que à turbadaVista acudíeis dantes. E hei de agoraReter-vos firme? Sinto eu aindaO coração propenso a ilusões dessas?E apertais tanto!... Pois embora! seja:Dominai, já que em névoa e vapor leveEm torno a mim surgis. Sinto o meu seioJuvenilmente trépido agitar-seCoa maga exalação que vos circunda.Trazeis-me a imagem de ditosos dias,E daí se ergue muita sombra amada:Como um velho cantar meio esquecido,Vêm os primeiros símplices amores
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VIAGENS NA MINHA TERRAALMEIDA GARRE
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"Qu'il est glorieux d'ouvrir une no
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a Santarém: e declaro que de tudo
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Já saudámos Alhandra, a toireira;
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multidões. Voltavam à sua terra o
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deita ali à cernelha de um toiro q
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CAPÍTULO IIDeclaram-se típicas, s
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O senso comum virá para o milénio
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Vamos percorrendo lentamente aquele
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CAPÍTULO IIIAcha-se desapontado o
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Nota do Autor: Estes versos são um
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Mas aqui é que me aparece uma inco
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Nada, nada, verdade e mais verdade.
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Da beleza e virtude é a cidadelaA
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Por mim, não conheço objeto mais
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CAPÍTULO VChega o A. ao pinhal da
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Vários tratantes, e algumas pessoa
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Maistre quando, a meia jornada do s
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CAPÍTULO VIProva-se como o velho C
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tão naturais, tão bem pintadas
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Ora pois, o nosso Camões, criador
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Nada! viva o nosso Camões e o seu
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Apertou a luneta no sobrolho e sorr
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prazer de chegar por aquele modo a
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— «Então que novidades há por
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Infelizmente o sacrifício não foi
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fé, em abandonar a nossa aliança.
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CAPÍTULO VIIISaída do Cartaxo.
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Ora a charneca dentre Cartaxo e San
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Eu moía comigo só estas amargas r
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Que mina tão rica e fértil para q
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E há títulos também que não dev
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[(*) Nota do Autor: Chamavam assim
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E o desgraçado tremiam-lhe as pern
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CAPÍTULO XVale de Santarém. — N
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Se haverá ali quem a aproveite, a
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CAPÍTULO XITrata-se do único priv
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surpreendeu a alma por um modo novo
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O movimento bem visível da dobadoi
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CAPÍTULO XIIDe como Joaninha desem
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nobre, todo o desembaraço modesto,
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quarta contradança ao menos, a pre
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Eu, que professo a religião dos ol
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mão, e que já está no peito porq
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peralvilha raça europeia — corta
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Porque este mundo e a sua história
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grosas de barões, não para a tal
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E aqui tenho eu às costas nada men
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solenidades da igreja. Mas já lhe
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— «Esses inimigos do altar e da
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mim, quero-lhe por ele e por ela. A
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CAPÍTULO XVRetrato de um francisca
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Segundo os seus princípios, poder
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emédio, precipitar-se no golfão d
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CAPÍTULO XVISaibamos da vida do fr
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O mundo aplaudia aqueles grandes sa
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A velha estremeceu, mas tornou logo
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— «Pois quê? que tenho eu?»—
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O frade sufocava, e balbuciou entre
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Joaninha era uma criança a esse te
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O Sol declinava já... e Fr. Dinis
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O observador vulgar não via senão
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A velha aterrada e confusa tremia d
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— «Era» disse ela tímida e sub
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Oh! que existências que eram aquel
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— «Dinis!... Padre!... Padre Fr.
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CAPÍTULO XIXGuerra de postos avan
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Apenas se estabeleceu a posição d
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Assim passaram meses, assim correu
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um pequeno grupo de álamos e olive
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CAPÍTULO XXJoaninha adormecida.
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O oficial... — Mas certo que as a
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O rosto, mais pálido que trigueiro
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CAPÍTULO XXIQuem vem lá? — Como
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O momento era supremo, o perigo imi
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— «Bem, camaradas!» bradou Carl
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horrorosa e desesperada agonia que
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Encerrada outra vez a âmbula com a
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CAPÍTULO XXXVIIIJantar nos reais p
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Em Santarém há poucas casas parti
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A soirée mais maçante, de piano o
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E dizem que saudades que matam! Sau
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como tudo o mais neste mundo. Dorme
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de Santarém com o Diabo. O que eu
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CAPÍTULO XLAs Claras. — Aventura
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«Estamos feitos o opróbrio dos no
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essas portas que cerrou a impiedade
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CAPÍTULO XLIO roubador do corpo sa
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casa, e dessa fadada família cujo
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CAPÍTULO XLIIProtesto do autor.
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O belo jazigo do rei formoso e frí
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crianças nos jazigos dos pais, dos
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E eu que escrevo isto serei eu dema
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Santarém fatigou-me o espírito, c
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senão que a dobadoira não parava,
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— «Há mais do que não houve nu
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CAPÍTULO XLIVCarta de Carlos a Joa
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Eu sou filho; a minha mãe morreu s
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longos passeios solitários, por aq
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Fizeram nascer os desejos!Julguei-m
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Fascinante é a palavra para ela.O
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É preciso que te descreva a pequen
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CAPÍTULO XLVICarta de Carlos a Joa
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Não sei o que fiz nem o que disse;
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Júlia foi para a janela — indulg
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prometendo-me paz ao coração, anu
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CAPÍTULO XLVIICarta de Carlos a Jo
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Passámos todo o dia juntos e sós:
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escreveu-me estas palavras sós:
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O vulto era de mulher e parecia uma
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Vão-se gradualmente, vão-se pouco
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Pelo mundo em pedaços repartido; e
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CAPÍTULO XLIXDe como Carlos se fez
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— «Mas por ser barão?...»—
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Tenho visto alguma coisa do mundo,
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