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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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Enfim suspendamos, sem o terminar, o exame desta profunda e interessantequestão. Fica adiada para um capítulo ad hoc, e voltemos à minha Joaninha.Caíam de um lado e do outro da sua face gentil graciosos anéis; e o resto docabelo, que era muito, ia entrançar-se, e enrolar-se com singela elegânciaabaixo da coroa de uma cabeça pequena, estreita e do mais perfeito modelo.As sobrancelhas, quase pretas também, desenhavam-se numa curva deextrema pureza; e as pestanas longas e assedadas faziam sombra na alvura daface.Os olhos porém — singular capricho da natureza, que no meio de toda estaharmonia quis lançar uma nota de admirável discordância! Como poderoso eousado maestro que, no meio das frases mais clássicas e deduzidas da suacomposição, atira de repente com um som agudo e estrídulo que ninguémespera e que parece lançar a anarquia no meio do ritmo musical... Osdiletantes arrepiam-se, os professores benzem-se; mas aqueles cujos ouvidoslhes levam ao coração a música, e não à cabeça, esses estremecem deadmiração e entusiasmo... Os olhos de Joaninha eram verdes... não daqueleverde descorado e traidor da raça felina, não daquele verde mau e destingidoque não é senão azul imperfeito, não; eram verdes-verdes, puros e brilhantescomo esmeraldas do mais subido quilate.São os mais raros e os mais fascinantes olhos que há.

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