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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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Amei... isto é, amei... pois sim, amei, já que não há outra palavra nestasestúpidas línguas que falam os homens; pois amei outras mulheres, e nos diasde maior entusiasmo por elas, não deixei nunca de beijar devotamente aquelecinto, do apertar sobre o meu coração, de me encomendar a ele — como osalteador napolitano se encomenda ao escapulário da madona que traz aopeito, com as mãos ensanguentadas de matar, ou carregado do roubo queacaba de fazer.Ai, Joana, não te digo eu que estou perdido, sem remédio, e que para mim nãohá, não pode haver salvação nunca?Vivi assim dois meses. Laura não me escrevia: recebia as minhas cartas erespondia a Júlia: por este modo nos correspondíamos. Júlia era parte de nós,era uma porção do nosso amor, vivíamos nela a nossa vida. E já as confundiaambas por tal modo no meu coração, que me surpreendia a não saber a qualqueria mais. Júlia parecia feliz deste estado; eu era-o. Insensivelmente mehabituei a ele, já não tinha saudades do passado. E quando se aproximou ocasamento de Laura, que ela tinha de voltar de Gales, e que eu, fiel ao queprometera, devia pretextar negócio urgentíssimo em Londres que meobrigasse a ausentar-me até à sua partida para a Índia, eu tive uma pena, umadificuldade em cumprir o que prometera que me envergonhava.Parti porém; e ali me demorei um mês. Júlia escrevia-me todos os dias e eu aela. Na véspera do dia fatal em que Laura ia ser de outro homem, Júlia

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