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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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nações e as idades onde eles mais sinceramente se mostram e se deixamconhecer.A extrema simplicidade do romance ou xácara de Santa Iria, o ser ele, dentretodos os que andam na memória do nosso povo, o mais geralmente sabido emais uniformemente repetido em todos os distritos do reino, e com poucasvariantes nas palavras, nenhuma no contexto, me faz crer que esta seja dasmais antigas composições não só da nossa língua, mas de toda a Península. Afrase tem pouco sabor antigo: este é um daqueles poemas quase aborígenesque a tradição tem vindo entregando, e ao mesmo tempo traduzindo, de pais afilhos insensivelmente; e também não é por certo dos que desceram dopalácio às choupanas e fugiram da cidade para as aldeias, como em muitosoutros se conhece: este visivelmente nasceu nos arraiais, nos oragos doscampos, e por lá tem vivido até agora.A forma métrica da composição é a que a frase didática das Espanhas chamouromance em endichas. Eu, adotando para ele, mais que para a forma ordináriado metro octossílabo, a teoria do engenhoso filólogo alemão, Depping, tãobenemérito da nossa literatura peninsular, creio que estes são verdadeirosversos de doze sílabas, e que as coplas não constam senão de dois versos cadauma, segundo a óbvia significação da palavra. O povo cantando não separa oshemistíquios destes versos como fazem os que os escrevem: e ao contrário,nos romances da medida mais comum, o canto popular reparte distintamentecada membro de oito sílabas sobre si.

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