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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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O belo jazigo do rei formoso e frívolo, tão dado às delícias do prazer comofoi o seu pai às austeridades da justiça, em que estado ele está!Oh nação de bárbaros! Oh maldito povo de iconoclastas que é este!O túmulo do segundo marido de D. Leonor Teles é um sarcófago de pedrabranca, fina e friável, elegante e simplesmente cortada, com mais sobriedadede ornatos do que têm de ordinário os monumentos do século XIV, mas deuma acabada escultura, casta e continente, como o não foi a vida do rei que aíencerraram depois de morto.Percebem-se ainda vestígios das vivas cores em que foram induzidos osrelevos da pedra branca: — estilo bizantino de que não sei outro exemplar emPortugal. Este é — ou antes, era — precioso.Era; porque a brutalidade da soldadesca o deturpou para um ponto incrível.Imaginou a estúpida cobiça destes alanos modernos que devia de estar alidentro algum grande haver de riquezas encantadas, — talvez pensassem acharsobre a caveira do rei a coroa real marchetada de pérolas e rubis com quefosse enterrado, — talvez pensaram encontrar apertado ainda entre as secasfalanges dos dedos mirrados aquele globo de ouro maciço que lhes figura o reide espadas do sujo baralho da sua tarimba, e que eles têm pela indisputável einfalível insígnia do supremo império; — talvez supuseram que, mesmodepois de morto, um rei devia ser de ouro... Enfim quem sabe o que elespensaram? O que se sabe, porque se vê, é que quiseram abrir e arrombar o

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