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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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Apenas se estabeleceu a posição dos dois exércitos, Fr. Dinis queria levá-laspara Santarém; mas não foi possível. Instâncias, rogos, ordem positiva, tudofoi em vão. Pela primeira vez na sua vida, aquela mulher tímida, fraca eirresoluta, soube ter vontade firme e própria.— «Aqui nasci», dizia ela, «aqui vivi, aqui hei de morrer. Que importacomo?... Aqui as curtas alegrias, aqui as longas dores da minha vida têmpassado: onde hei de eu ir que possa viver ou morrer senão aqui? Esta casasei-a de cor, estas árvores conhecem-me, estes sítios são os últimos que vi, osúnicos de que me lembra: como hei de eu, velha e cega, ir fazer conhecimentocom outros para viver neles?... »— «E Joaninha nessa idade... no meio dessa soldadesca!» sugeria o frade.— «Joaninha» tornava ela «Joaninha é uma criança, e tem mais juízo, maisenergia de alma, mais saúde e mais força do que — mulheres não falemos —do que a maior parte dos homens. Ficaremos aqui, padre, ficaremos aquimelhor do que em Santarém podemos estar. Deus nos defenderá... »Fr. Dinis cedeu: a mesma vaga e indeterminada esperança que animava avelha, e que a prendia tão fortemente ali, não era estranha ao coração dofrade. Ela não ousava nem aludir de longe a essa esperança, mas sentia-se quelá a tinha aninhada e escondida para um canto da alma... Aquele neto, aquelefilho da filha querida havia de vir ter à casa em que nascera... por ali havia depassar, e mais dia menos dia... A velha, repito, nem aludia a tal esperança, mas

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