25.08.2015 Views

VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

Viagens na minha terra - Luso Livros

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

crianças nos jazigos dos pais, dos parentes, até de meros amigos das suasfamílias.Tive, confesso, uma espécie de prazer maligno em imaginar a estúpidacompridez de cara com que deviam ficar os brutais profanadores, quandoachassem no túmulo do rei o que só têm os túmulos — de reis ou mendigos— ossos, terra, cinza, nada!Por mim, estive tentado a furtar a caveira de el-rei D. Fernando. Se acreditassena frenologia, parece-me que não teria resistido. Não creio na ciência,felizmente — neste caso — para a minha consciência. Também não sei o quefaria, se a caveira fosse de outro homem. Mas o «fraco rei» que fez «fraca aforte gente» não são relíquias as suas que se guardem.Oh! e quem sabe? Esta profanação, este abandono, este desacato do túmulode um rei, ali na sua terra predileta — D. Fernando era santareno de afeição— não será ele o juízo severo da posteridade, a vindicta pública dos séculos,que tardia mas ultrajante, cai enfim sobre a memória reprovada do maupríncipe, e lhe desonra as cinzas como já lhe desonrara o nome?Quero acreditar que tal não podia suceder aos túmulos de D. Dinis, de D.Pedro I, dos dois Joanes I e II, de...Sim: e aonde está o de Camões? O de Duarte Pacheco aonde esteve? queainda é mais vergonhosa pergunta esta última.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!