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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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Desapontou-me tristemente. Vamos ao Santo Milagre depressa, que me queroreconciliar com Santarém: e já começa a ser difícil.Mas é injustiça a minha. Que culpa tem ela, coitada?Ai Santarém, Santarém, abandonaram-te, mataram-te, e agora cospem-te nocadáver.Santarém, Santarém, levanta a tua cabeça coroada de torres e de mosteiros, depalácios e de templos!Mira-te no Tejo, princesa das nossas vilas: e verás como eras bela e grande,rica e poderosa entre todas as terras portuguesas.Ergue-te, esqueleto colossal da nossa grandeza, e mira-te no Tejo: verás comoainda são grandes e fortes esses ossos desconjuntados que te restam.Ergue-te, esqueleto de morte, levanta a tua foice, sacode os vermes que tepoluem, esmaga os répteis que te corroem, as osgas torpes que te babam, aslagartixas peçonhentas que se passeiam atrevidas pelo teu sepulcro desonrado.Ergue-te, Santarém, e diz ao ingrato Portugal que te deixe em paz ao menosnas tuas ruínas, mirrar tranquilamente os teus ossos gloriosos; que te deixe nosseus cofres de mármore, sagrados pelos anos e pela veneração antiga, as cinzasdos teus capitães, dos teus letrados e grandes homens.

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