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VIAGENS NA MINHA TERRA

Viagens na minha terra - Luso Livros

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Com um gesto expressivo, e de suave mas resoluta denegação, Georgina pôs amão na boca do pobre Carlos, como para o impedir de dizer uma blasfémia.Ele segurou-a com as suas ambas e lha beijou mil vezes com umarrebatamento, uma fúria, num paroxismo de lágrimas e de soluços, quepartiriam o coração ao mais indiferente. Comoveu-se, vacilou a inalterávelrigidez do belo rosto da dama, abaixaram-se as longas pálpebras dos seusolhos; mas se chegou até eles alguma lágrima mais rebelde, pronta refluiu parao coração, porque ao levantá-los outra vez e ao fixá-los tranquilamente nos doseu amante, aqueles olhos puros, celestes e austeros como os de um anjoofendido, estavam secos.Ela continuou:— «As tuas cartas, que não eram menos ternas nem menos apaixonadas,começaram todavia a ser menos naturais, mais encarecidas... eram menosverdadeiras por força. Senti-o, vi-o, e pensei morrer.Uma família da minha amizade vinha então para Portugal, acompanhei-a.Apenas cheguei, procurei e obtive os meios seguros de transitar pelos doiscampos contendores: pressagiava-me o coração que me havia de ser preciso.E foi; cheguei ao vale no dia em que tu o deixavas para aquela fatal ação quete ia custando a vida. Vim-te encontrar prisioneiro e meio morto no hospitaldos feridos. Ao pé de ti estava um frade... »— «Um frade! Meu Deus, se seria ele?»

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