ENTREVISTA Fábio Ulhoa Coelho e o novo Código ComerCial ...
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Mas, ainda, a PUC me trouxe um<br />
outro diferencial que,<br />
em geral, os outros cursos não<br />
fornecem: o pensamento crítico<br />
sim amplo e com preocupação<br />
crítica. Embora eu tenha estudado<br />
e compreendido a dogmática<br />
jurídica, sem sombra de<br />
dúvida, a preocupação crítica<br />
foi mais importante até do que<br />
se eu tivesse só estudado ou só<br />
aprendido a refletir o direito<br />
sobre o mundo da dogmática.<br />
A PUC me fez o que eu sou.<br />
Se eu tivesse que refazer situa-<br />
ções da minha vida, muitas<br />
eu refaria, mas ter entrado na<br />
PUC, não. Eu não mudaria<br />
um milímetro da oportunidade<br />
que a vida me deu ao cursar<br />
essa universidade.<br />
Os alunos da PUC são mais<br />
politizados?<br />
Todo mundo se adapta um<br />
pouco ao meio em que está.<br />
Às vezes você pode encontrar<br />
pessoas muito críticas<br />
que quando entram em uma<br />
universidade são totalmente<br />
castradas em sua perspectiva,<br />
seja porque têm relações<br />
autoritárias com professores,<br />
seja porque a metodologia<br />
transforma o aluno em objeto<br />
e o professor em sujeito.<br />
Por outro lado, existem pessoas<br />
que são muito reprimidas<br />
e quando entram em ambientes<br />
que lhes permitem<br />
desenvolver a dimensão crítica<br />
de seu ser se desenvolvem,<br />
desabrocham em uma perspectiva<br />
do pensamento não<br />
paralisado, do pensamento<br />
não “ensimesmado”.<br />
As pessoas, por oportunidade<br />
de vida, chegam à universidade<br />
das formas mais diferentes<br />
possíveis, mas a PUC proporciona<br />
o espaço de relação e<br />
reflexão livres. É evidente que<br />
há professores que são mais<br />
autoritários e outros menos,<br />
mas o espírito da PUC é de<br />
grande liberdade. A distância<br />
entre professor e aluno não é<br />
um abismo, como ocorre em<br />
outras instituições de ensino;<br />
o professor vive um clima bastante<br />
diferenciado. No fundo,<br />
ninguém ensina ninguém.<br />
O fato é que os professores já<br />
percorreram um caminho de<br />
conhecimento prévio e são<br />
orientadores e semeadores<br />
daqueles que vêm depois. A<br />
relação entre professor e aluno<br />
não pode ser uma relação,<br />
como meu querido professor<br />
e amigo, o saudoso Paulo Freire,<br />
dizia: da “educação bancária”.<br />
Esse modo de educar faz<br />
com que o professor entre na<br />
sala de aula, deposite o conhecimento<br />
no aluno e, no final<br />
do bimestre, faça o saque por<br />
meio de uma prova. Às vezes<br />
vem sem fundos. Essa relação<br />
da educação bancária pressupõe<br />
um sujeito e um objeto,<br />
que é a pior das formas de relacionamento<br />
pedagógico.<br />
O aluno é um sujeito tanto<br />
quanto o professor. Eles têm<br />
de se inteirar em pé de igualdade,<br />
com respeito mútuo,<br />
cada um no seu papel. E a<br />
PUC permite muito a construção<br />
dessa relação pedagógica<br />
livre e crítica.<br />
Fórum jurídico<br />
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