ENTREVISTA Fábio Ulhoa Coelho e o novo Código ComerCial ...
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Apesar de ser um ramo em notável<br />
crescimento no Brasil, a maioria dos<br />
estudantes ainda não tem acesso à<br />
arbitragem em sua grade curricular<br />
ou início de vida profissional<br />
Eu, Julia Schulz, coautora do presente artigo<br />
e aluna do 7º semestre da PUC-SP, tive a oportunidade<br />
de participar da Competição Brasileira<br />
de Arbitragem, em 2011. A competição é recente,<br />
mas os organizadores já atribuem a ela a importante<br />
missão de difundir a Lei Brasileira de<br />
Arbitragem (Lei 9.307/1996).<br />
Por tal razão, conquanto seja sempre de suma<br />
importância pesquisar e conhecer as legislações<br />
pioneiras sobre o assunto, a competição vem exigindo<br />
um aprofundamento maior na legislação<br />
pátria e em obras de doutrinadores locais que estudem<br />
a arbitragem sob a ótica do ordenamento<br />
jurídico brasileiro e de suas particularidades.<br />
Apesar de ser um ramo em notável crescimento<br />
no Brasil, a maioria dos estudantes ainda não<br />
tem acesso à arbitragem em sua grade curricular<br />
ou início de vida profissional. Nesse sentido, os<br />
moots propiciam a aproximação do estudante de<br />
Direito a esta realidade, conforme observa Ilan Jadoul,<br />
aluno da PUC-SP, atualmente em intercâmbio<br />
no King’s College de Londres, que participou<br />
em 2010 do “Willem C. Vis International Arbitration<br />
Moot” e do “Concours d’Arbitrage International<br />
de Paris”: “Considerava a arbitragem um<br />
ramo bastante distante e restrito, do qual apenas<br />
advogados com anos de profissão podiam fazer<br />
parte. Não via essa disciplina como uma disciplina<br />
acadêmica. Isso mudou totalmente com a experiência<br />
de mooting, ao ver alunos de até 2º ano de<br />
Direito debatendo questões de grande complexidade<br />
jurídica de maneira altamente profissional.”<br />
70 Fórum jurídico<br />
artigo CláUdio Finkelstein<br />
jUlia sChUlz<br />
Com efeito, como bem apontado por Eric<br />
E. Bergsten em artigo de sua autoria, o ensino<br />
jurídico infelizmente não acompanhou o desenvolvimento<br />
do Direito Comercial Internacional,<br />
incluindo a arbitragem. O atraso se mostra<br />
compreensível, uma vez que os programas das<br />
universidades já estão extremamente sobrecarregados<br />
com as matérias do direito nacional.<br />
É essa, inclusive, a percepção de diversos alunos<br />
do Curso de Direito, como Daniel Shil Szriber, cursando<br />
o 9º semestre de Direito na PUC-SP, que participou<br />
do “Willem C. Vis International Commercial<br />
International Arbitration Moot” em 2009/2010<br />
e 2010/2011: “Quando comecei a frequentar as<br />
reuniões da equipe da PUC-SP, não fazia a menor<br />
ideia do que era arbitragem, já que nunca havia<br />
ouvido falar sobre este instituto antes. No começo,<br />
achava que não havia muitas diferenças entre a resolução<br />
de conflitos por meio de arbitragem e da<br />
jurisdição estatal. Contudo, ao me aprofundar nos<br />
estudos durante a preparação para a competição, comecei<br />
a descobrir que existem inúmeras discussões e<br />
especificidades sobre a arbitragem, tão ou mais complexas<br />
que aquelas que circundam o processo civil.”<br />
Da mesma forma, ao decidir participar da Competição<br />
Brasileira de Arbitragem, deparei-me com<br />
um instituto completamente <strong>novo</strong>. Apesar de ter<br />
sido mencionada superficialmente em aulas de Direito<br />
Civil e Direito Constitucional, a arbitragem<br />
não fazia parte de minha realidade ou de qualquer<br />
perspectiva para o meu futuro.<br />
Neste aspecto reside o primeiro de muitos desafios<br />
enfrentados nos moots. Inúmeros estudantes,<br />
ao menos brasileiros, somente têm a oportunidade<br />
de estudar o instituto da arbitragem, ainda que em<br />
termos gerais, ao entrarem na competição. Logicamente,<br />
isso afeta o estudo dos casos apresentados,<br />
que, por abordarem questões extremamente técnicas,<br />
pressupõem o conhecimento básico do tema.<br />
Vale ressaltar que, entre as matérias opcionais<br />
oferecidas pela própria PUC-SP, há um curso