13.04.2013 Views

ENTREVISTA Fábio Ulhoa Coelho e o novo Código ComerCial ...

ENTREVISTA Fábio Ulhoa Coelho e o novo Código ComerCial ...

ENTREVISTA Fábio Ulhoa Coelho e o novo Código ComerCial ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

maior, com mais incertezas.<br />

O Brasil está inegavelmente<br />

reposicionado na economia<br />

global e isso demanda um<br />

<strong>novo</strong> Direito Comercial, de<br />

modo que o <strong>novo</strong> <strong>Código</strong><br />

Comercial ajude a atender as<br />

exigências da economia.<br />

Nós falamos sobre o crescimento<br />

econômico do Brasil.<br />

O senhor entende que<br />

o Judiciário também está<br />

acompanhando esse desenvolvimento?<br />

Sem dúvida. Coisas importantíssimas<br />

estão acontecendo no<br />

âmbito do Poder Judiciário.<br />

Em primeiro lugar, eu citaria a<br />

criação das Câmaras de Direito<br />

Empresarial aqui no Tribunal de<br />

Justiça de São Paulo, ou seja, uma<br />

especialização no plano do Tribunal<br />

de Justiça sobre a matéria<br />

de Direito Comercial. A criação<br />

das Câmaras foi um passo extremamente<br />

importante dado<br />

pelo Tribunal de Justiça de São<br />

Paulo, capaz de gerar um modelo<br />

que pode, eventualmente, ser<br />

transposto para outros tribunais.<br />

Mas não é só isso. No ano de<br />

2011 o STJ realizou o primeiro<br />

curso voltado exclusivamente<br />

ao Direito Comercial para magistrados.<br />

O juiz está buscando<br />

informações porque ele precisa<br />

conhecer essa realidade específica<br />

da relação entre as empresas;<br />

saber que essa relação não obedece<br />

à mesma lógica da relação<br />

do consumidor, com a qual ele<br />

está habituado, familiarizado;<br />

até por ser um consumidor.<br />

Haverá também outras novidades<br />

animadoras em 2012 em<br />

relação ao Direito Comercial.<br />

Aguardem, pois haverá iniciativas<br />

interessantes em torno da<br />

revitalização do Direito Comercial,<br />

neste ano.<br />

Alguns críticos do <strong>Código</strong><br />

alegam que bastaria uma<br />

adequação das leis existentes.<br />

Por que o senhor entende ser<br />

melhor um <strong>novo</strong> código?<br />

O Direito Comercial está sujeito<br />

a princípios próprios, que<br />

não são os princípios do Direito<br />

Civil. E uma das dificuldades<br />

para o Direito Comercial brasileiro<br />

cumprir sua função de<br />

criar um ambiente favorável aos<br />

negócios está exatamente nessa<br />

unificação legislativa. Ela não é<br />

uma solução universal, porque<br />

não são todos os países que adotam<br />

o critério de organização<br />

do direito privado positivo. Isso<br />

porque ele impede a adequada<br />

sistematização da disciplina, daquelas<br />

regras que são específicas<br />

da relação entre os empresários.<br />

O <strong>Código</strong> Comercial não vai<br />

mudar nenhuma disposição do<br />

<strong>Código</strong> de Defesa do Consumidor;<br />

ele não vai revogar nenhum<br />

direito trabalhista, assim<br />

como não vai reduzir a responsabilidade<br />

dos empresários pela<br />

preservação do meio ambiente,<br />

nem os deveres deles quanto às<br />

matérias de competência do<br />

CADE – infrações da ordem<br />

econômica – ou mesmo às<br />

obrigações tributárias.<br />

O <strong>Código</strong> Comercial vai tratar<br />

exclusivamente da relação entre<br />

duas empresas. Seus temas são os<br />

contratos empresariais, os contratos<br />

de fornecimento de insumos,<br />

de distribuição de mercadorias,<br />

os títulos de crédito, a<br />

formação da sociedade, a crise<br />

da empresa, as obrigações entre<br />

os empresários. A relação entre<br />

empresas é uma relação muito<br />

particular. Hoje vemos alguns<br />

juízes julgando relações entre<br />

empresários a partir da lógica do<br />

<strong>Código</strong> de Defesa do Consumidor.<br />

Há exceções, mas normalmente<br />

a maioria dos magistrados<br />

tem como única experiência na<br />

economia a experiência pessoal<br />

como consumidor. Um <strong>Código</strong><br />

Comercial autônomo ajuda<br />

a fomentar a lógica própria da<br />

relação empresarial, para que,<br />

quando o juiz julgar essas ques-<br />

Fórum jurídico<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!