ENTREVISTA Fábio Ulhoa Coelho e o novo Código ComerCial ...
ENTREVISTA Fábio Ulhoa Coelho e o novo Código ComerCial ...
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O que levou o senhor a tornar-se<br />
doutrinador?<br />
Eu sempre tive um lado ligado<br />
a comunicações e, por isso, sempre<br />
pensei em me dedicar à carreira<br />
acadêmica, em me tornar<br />
professor. Eu não consigo ver a<br />
atividade docente separada da<br />
atividade de pesquisa e, sendo<br />
professor universitário, tenho<br />
que pesquisar constantemente<br />
e as pesquisas naturalmente<br />
levam à produção de textos, livros<br />
e artigos, que servem para<br />
divulgar o que o pesquisador<br />
está refletindo e descobrindo.<br />
São coisas indissociáveis e desde<br />
sempre eu pensei que era isso<br />
que eu gostaria de fazer.<br />
Uma de suas obras – O Futuro<br />
do Direito Comercial – é<br />
utilizada como minuta para<br />
o projeto do <strong>novo</strong> <strong>Código</strong><br />
Comercial. Como o senhor<br />
se sente a respeito?<br />
Eu estou bastante animado<br />
com tudo o que está acontecendo.<br />
No final de 2010, publiquei<br />
esse livro como uma<br />
minuta de como eu entendia<br />
que seria o melhor código comercial<br />
para o Brasil, mas não<br />
tinha ideia de que ele seria capaz<br />
de desencadear o processo<br />
que desencadeou. Imaginei<br />
que seria uma contribuição<br />
42 Fórum jurídico<br />
entrevista<br />
<strong>Fábio</strong> <strong>Ulhoa</strong> <strong>Coelho</strong><br />
acadêmica a mais e que, um dia<br />
ou outro, quando alguém fosse,<br />
eventualmente, estudar certo<br />
assunto, poderia ilustrar com a<br />
informação que um autor, em<br />
um determinado momento,<br />
sugeriu certa solução legislativa<br />
para aquele problema. Eu<br />
imaginei que a contribuição<br />
que o livro daria seria apenas<br />
essa: uma contribuição acadêmica.<br />
Não é o que está acontecendo:<br />
a minuta aperfeiçoada<br />
se transformou em projeto<br />
de lei e o debate nacional se<br />
instalou sobre se é o caso de<br />
termos, ou não, um <strong>novo</strong> <strong>Código</strong><br />
Comercial e qual código<br />
comercial seria esse. Foi, portanto,<br />
muito além das minhas<br />
expectativas o que ocorreu em<br />
decorrência do livro. Algo que<br />
escrevi para uma função me-<br />
capa do livro O Futuro<br />
do Direito Comercial<br />
(ed. saraiva, 2011)<br />
divUlgação<br />
ramente acadêmica e desencadeia<br />
um debate nacional muito<br />
profícuo é algo que me deixa<br />
muito feliz.<br />
Por que o senhor acha, para<br />
a realidade brasileira, que a<br />
criação de um <strong>novo</strong> <strong>Código</strong><br />
Comercial é importante?<br />
Nós precisamos de uma lei<br />
que valorize a empresa. Nós<br />
temos leis que valorizam o<br />
consumidor, o trabalhador,<br />
entre outros agentes econômicos,<br />
mas a empresa não tem<br />
uma lei de valorização. A ordem<br />
jurídica precisa valorizar<br />
a empresa por diversas razões.<br />
A primeira razão é para que<br />
ela possa cumprir sua função<br />
social, ou seja, gerar empregos,<br />
tributos, atender as necessidades<br />
dos consumidores, apoiar<br />
a comunidade em que ela está<br />
instalada com iniciativas culturais<br />
e sociais. Só uma empresa<br />
forte e lucrativa pode cumprir<br />
sua função social. Se estiver<br />
faltando dinheiro para a empresa<br />
fazer seus investimentos,<br />
se ela não estiver conseguindo<br />
realizar satisfatoriamente nem<br />
mesmo sua função econômica<br />
– que é produzir e vender bens<br />
e serviços –, ela não terá como<br />
cumprir sua função social.<br />
Mas não é só isso, precisamos