Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Mauro <strong>de</strong> Salles Villar<br />
“Olho. Em varias cousas reflecte neste vocabulo a critica <strong>de</strong>masiadamente<br />
escrupulosa. Quer que em assumpto grave raras vezes se use no<br />
singular; a fim <strong>de</strong> se evitar alguma baixeza: v.g. não admitte que se diga<br />
olho papudo, olho sumido, olho encovado, mas, olhos. Não quer tambem<br />
que se diga olho cego, mas um dos olhos cego; fechar o olho, por morrer;<br />
ir com o olho atraz, por ir acautelado &c. Em fim não sofre que se use <strong>de</strong><br />
olho simplemente (sic), sem <strong>de</strong>terminar qual <strong>de</strong>lles é, em or<strong>de</strong>m a que não<br />
haja alguma equivocação <strong>de</strong> sentido menos <strong>de</strong>cente”.<br />
Cândido Lusitano, a bem da verda<strong>de</strong>, não afinava com tais pruridos, tachando-os<br />
<strong>de</strong> pueris e extravagantes. Mas que fazer? A malícia sempre fez parte do<br />
mundo; por que não existiria na mente dos críticos da lexicografia? “Lava o teu<br />
coração da malícia, ó Jerusalém” vociferou Jeremias na Bíblia (4:14)<br />
Referências<br />
Cruse, D.A. (1986). Lexical Semantics. Cambridge. Cambridge University Press<br />
Dicionário Houaiss: sinônimos e antônimos. Instituto Antônio Houaiss; diretor <strong>de</strong> projeto<br />
Mauro <strong>de</strong> Salles Villar. 2.ª ed. São Paulo: Publifolha, 2008<br />
Freire, Francisco José (Cândido Lusitano) (1773). Reflexões sobre a língua portugueza escriptas<br />
por Fr. José Freire publicadas pela Socieda<strong>de</strong> propagadora dos conhecimentos<br />
uteis, Parte segunda, Lisboa: Tipographia da Socieda<strong>de</strong> 1842, apud Messner,<br />
Dieter e Jutz, Sylvia, Dicionário dos dicionários portugueses, vol. xxxviii, 2002 Institut<br />
für Romanistik <strong>de</strong>r Universität Salzburg, p. xxiii<br />
Johnson, S. (1755) Preface to the Dictionary of the English Language. (Coord. Jack<br />
Katzaros, V. [2004] )<br />
Hanks, P. (2008) “Do word meanings exist?” in Practical Lexicography, coord. Thierry<br />
Fontenelle, Oxford University Press, Grã-Bretanha.<br />
176