Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
Prosa - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Rodrigo Rossi Falconi<br />
“A vida já <strong>de</strong> si é triste porque o homem, pela fatalida<strong>de</strong> do seu <strong>de</strong>stino,<br />
nasce trazendo na fronte a inexorável sentença da morte, o aniquilamento<br />
do corpo.<br />
Triste verda<strong>de</strong>! Nada po<strong>de</strong> subtrair-se às leis naturais da <strong>de</strong>struição, ninguém<br />
po<strong>de</strong> fugir à morte. Mas, esse espírito culto, que se chama Olavo Bilac,<br />
poeta <strong>de</strong> sublimes inspirações, cronista <strong>de</strong> fecunda imaginação, orador<br />
fulgurante e grandioso na tribuna, jamais se extinguirá; porque seu nome,<br />
ainda em vida, já se acha imortalizado na história da literatura pátria.<br />
Levantemos, pois, sobre o altar dos nossos corações estas duas sagradas<br />
e eternas imagens – Verda<strong>de</strong> e Justiça – em relação à personalida<strong>de</strong> intelectual<br />
<strong>de</strong> Bilac, na história da literatura brasileira.<br />
Quem conheceu Bilac, há 20 anos, como companheiro <strong>de</strong> estudos médicos<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, nunca pensou que hoje seria ele uma estrela <strong>de</strong><br />
primeira gran<strong>de</strong>za nas letras! Abandonaste a carreira médica, em boa hora,<br />
porque não era essa a tua vocação e <strong>de</strong>stino, e foste arrojar para a vida jornalística<br />
as <strong>de</strong>slumbrantes faíscas <strong>de</strong> teu portentoso talento.<br />
Em uma ocasião em que tantas pessoas te saúdam na tua passagem, <strong>de</strong><br />
saudosa recordação, por estas paragens, eu não posso, como teu contemporâneo<br />
no curso médico, <strong>de</strong>ixar o teu nome em silêncio.<br />
Que os aplausos e admiração do Povo <strong>de</strong> São João da Boa Vista ao teu<br />
possante talento sirvam <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> que o teu mérito não é <strong>de</strong>sconhecido<br />
pela socieda<strong>de</strong> sanjoanense.<br />
A dura necessida<strong>de</strong>, como bem dizer, te obriga a partir, reclama-te, a<br />
fim <strong>de</strong> que continues a trabalhar para o bem da Pátria. Ah! Possa eu algum<br />
dia rever-te neste recanto dos estados <strong>de</strong> São Paulo e Minas Gerais, não<br />
só para reatar o fio do teu sonho encantado, interrompido agora pela dura<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partir, mas para ainda mais uma vez apreciar e admirar tua<br />
fulgurante e culta inteligência, que é um facho luminoso, brilhante farol a<br />
aspergir esplendores luminosos sobre o mundo literário, qual novo sol que<br />
leva luz e calor à alma da humanida<strong>de</strong>.<br />
A<strong>de</strong>us, Bilac, fulgurante estrela da literatura brasileira!”<br />
208