Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Desconstrução dos<br />
gêneros literários *<br />
<strong>Prosa</strong><br />
Eduardo Portella<br />
Até a chegada dos tempos mo<strong>de</strong>rnos, a literatura, o fazer<br />
poético, vivia uma vida sem gran<strong>de</strong>s sobressaltos. Algumas<br />
surpresas, não muitos <strong>de</strong>safios. O quadro era razoavelmente estável.<br />
As belas letras, nem sempre tão belas, se enquadravam disciplinadamente<br />
no organograma oficial dos gêneros literários. Quando muito<br />
se compraziam em registrar inflexões líricas, trágicas ou cômicas.<br />
Certas contorções titânicas nunca se fizeram <strong>de</strong> rogadas. O melodrama<br />
jamais <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se mostrar presente.<br />
Com o advento progressivo das mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>s, bruscas transformações<br />
foram ocupando o espaço público. Verificou-se igualmente<br />
um <strong>de</strong>scentramento do pensar, em meio à voracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressões,<br />
impressões e percepções difusas. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> totalida<strong>de</strong>, que tanto<br />
protegera as gerações anteriores, tornou-se relações paradoxais;<br />
* Conferência inaugural do Ciclo Gêneros Literários: um Olhar Atual, proferida na <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, em 15.03.2011.<br />
81<br />
Ocupante da<br />
Ca<strong>de</strong>ira 27<br />
na <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />
<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Letras</strong>.