Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Constâncio Alves<br />
“Coube-lhe, então, estabelecer no jornalismo carioca um gênero que, ou<br />
não existia, ou havia sido olvidado: a análise literária dos acontecimentos<br />
do dia. Eram pequenos trechos <strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>, pequenos comentários oportunos,<br />
mas a que Constâncio imprimiu o cunho <strong>de</strong> sua cultura dando-lhe<br />
vida mais longa nas letras. O seu cabedal <strong>de</strong> leitura era enorme, <strong>de</strong> modo<br />
que ele podia tirar diariamente do mealheiro, a moeda precisa, sem que isso<br />
fizesse falta ao milionário”.<br />
Algumas <strong>de</strong>ssas crônicas foram incluídas no livro Figuras, com temas variados<br />
<strong>de</strong> erudição e sensibilida<strong>de</strong> sobre Leconte <strong>de</strong> Lisle, Tenyson, Ruskin,<br />
Bartolomeu Mitre e Zacarias <strong>de</strong> Goes, Machado <strong>de</strong> Assis, André Rebouças,<br />
Raymundo Corrêa. De Joaquim Nabuco traça um belo perfil e conclui:<br />
“Se toda a sua obra não contém a sua alma; se toda a sua vida não se<br />
acha registrada e explicada completamente o que resta, <strong>de</strong> uma e <strong>de</strong> outra,<br />
pela sua elevação e pela sua formosura, garante lhe o direito <strong>de</strong> perdurar, e<br />
consola um pouco aos que o amaram, com a esperança <strong>de</strong> que se realize a<br />
sua ambição <strong>de</strong> guia <strong>de</strong> mocida<strong>de</strong>”.<br />
Além <strong>de</strong> Figuras publicou com Afrânio Peixoto uma antologia <strong>de</strong> Vieria Brasileiro,<br />
<strong>de</strong> Castro Alves e dos dois José Bonifácio. A introdução é <strong>de</strong> Afrânio,<br />
po<strong>de</strong>ndo se supor que Afrânio insistiu pela colaboração <strong>de</strong> Constâncio, como<br />
implícito na introdução. No prefácio, Afrânio registra a colaboração <strong>de</strong> Constâncio<br />
Alves: “sábio humanista, primoroso escritor, crítico e artista, meu mestre<br />
e meu amigo, que assim acostumarei talvez, tudo é possível, a ver o próprio<br />
nome no dorso <strong>de</strong> um livro: não será o menos formoso da antologia”. Em 1943<br />
a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> reuniu textos escritos sobre Santo Antônio, que não era o <strong>de</strong> Pádua,<br />
nem o <strong>de</strong> Lisboa, nem o militar no Brasil que o nosso confra<strong>de</strong> Macedo Soares<br />
tratou em excelente livro, mas o Santo Antônio da Al<strong>de</strong>ia do Carmo, pequena<br />
localida<strong>de</strong> na Bahia.<br />
Em Figuras há um estudo sobre Paul Stapfer, escritor e crítico literário que<br />
ganhou notorieda<strong>de</strong> na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Alfred Dreyfus e que procurava em seus<br />
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