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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Visita dos Acadêmicos Olavo Bilac e Coelho Neto<br />

esteira <strong>de</strong> seus passos, ficaria um rastro <strong>de</strong> luz, a cuja sombra se abrigariam,<br />

para todo o sempre, aqueles que um dia fossem alvos dos carinhos, das gentilezas<br />

e da extraordinária cortesia do povo <strong>de</strong> São João da Boa Vista.<br />

No outro dia, 8 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1901, antes da partida, pela manhã, visitaram<br />

o jornalista Silviano Barbosa, proprietário do hebdomadário Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São João, o<br />

único então existente em São João da Boa Vista, fundado em 1891, o médico Dr.<br />

Francisco Carneiro Ribeiro Santiago, que foi saudado por Olavo Bilac, e a Câmara<br />

Municipal, on<strong>de</strong> seu Presi<strong>de</strong>nte, Dr. Theophilo <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, saudou os convidados,<br />

tendo respondido Olavo Bilac, que fez a apologia do Município, célula da<br />

Fe<strong>de</strong>ração, que, por sua vez, era a garantia da liberda<strong>de</strong> e da or<strong>de</strong>m, simbolizadas<br />

na Constituição da República do Brasil, padrão <strong>de</strong> tolerância e pieda<strong>de</strong>, tanto que<br />

em frente dos retratos dos presi<strong>de</strong>ntes que haviam governado o país estava o do<br />

Imperador Dom Pedro II, o que indicava, da parte do povo <strong>de</strong> São João da Boa<br />

Vista, o exemplo da compreensão dos altos <strong>de</strong>stinos dos povos cultos.<br />

Saindo da Rua Benjamin Constant, on<strong>de</strong> residia o Dr. Francisco Santiago,<br />

<strong>de</strong>sceram pela Rua São João em direção à Estação Ferroviária, on<strong>de</strong> os aguardava<br />

agradável surpresa, pois, ao lado dos cavalheiros da socieda<strong>de</strong> sanjoanense,<br />

foram <strong>de</strong>spedir-se as distintas senhoras e senhoritas da aprazível e civilizada<br />

cida<strong>de</strong>. Olavo Bilac e Coelho Neto não pu<strong>de</strong>ram conter-se, saudando as<br />

mulheres presentes, na sala <strong>de</strong> espera da Estação, com palavras comoventes e<br />

repassadas da mais fina cortesia, sentindo <strong>de</strong>ntro da alma todas as dores do<br />

terrível momento da hora da partida.<br />

Dentro do trem, <strong>de</strong>bruçados nas janelas, enquanto aguardavam o silvo da locomotiva<br />

que os levaria <strong>de</strong> volta à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Poços <strong>de</strong> Caldas, no estado <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais, Henrique Leite Ribeiro, fazendo <strong>de</strong> pregoeiro, colocou à venda uma garrafa<br />

<strong>de</strong> cerveja Antártica, em benefício do hospital da Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia<br />

<strong>de</strong> São João da Boa Vista, que ren<strong>de</strong>u 60$000, sendo rematada pelo Comandante<br />

Arthur Cobra. Ato contínuo, Henrique Ribeiro pôs em leilão um copo, que ele<br />

mesmo rematou pro 50$000. Os 110$000 foram entregues ao Coronel Domingos<br />

Theodoro <strong>de</strong> Azevedo Sobrinho para dar-lhes o conveniente <strong>de</strong>stino.<br />

Na Estação Ferroviária esteve também o Coronel José Jacintho do Amaral<br />

Pinto, a quem pretendiam visitar em sua residência, na esquina ao lado do<br />

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