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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Rodrigo Rossi Falconi<br />

Comarca <strong>de</strong> São João da Boa Vista, em cuja obra meritória e benéfica era<br />

sempre auxiliado por sua esposa, Dona Maria Azevedo <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Oliveira.<br />

Falaram também Olavo Bilac, Coelho Neto, o engenheiro Dr. Luiz Gambetta<br />

Sarmento, o Major Antonio Sarmento e outros senhores, sendo todos freneticamente<br />

aplaudidos.<br />

Nesta ocasião, Olavo Bilac <strong>de</strong>sdobrou o programa do socialismo coletivista,<br />

ao saudar os fazen<strong>de</strong>iros Coronéis João Osório <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Oliveira e José<br />

Procópio <strong>de</strong> Azevedo Sobrinho:<br />

“A estes notáveis cidadãos, que só davam à Comarca <strong>de</strong> São João da<br />

Boa Vista ótimos exemplos, ensinando ao povo que ninguém subia senão à<br />

custa do próprio esforço e da própria iniciativa, dando sempre a mão aos<br />

que eram capazes <strong>de</strong> trabalho e prosperida<strong>de</strong>, ao invés <strong>de</strong> outros que limitavam<br />

sua ação piedosa à esmola, coisa repulsiva e abjeta, que já passara em<br />

julgado, em nome da Ciência e em nome da Civilização”.<br />

O maranhense Coelho Neto concluiu fazendo um brin<strong>de</strong> às senhoras presentes,<br />

produzindo naquele momento uma das mais belas páginas literárias <strong>de</strong><br />

sua nobre vida. Embora na ocasião não houvesse um taquígrafo que pu<strong>de</strong>sse<br />

apanhar a bela oração do ilustre literato, alguns dos aspectos do discurso pu<strong>de</strong>ram<br />

ser registrados, tendo o escritor feito a apologia da arte, mostrando que<br />

calvário tinha que subir o artista em terras do Brasil, ele que não pertencia a<br />

este mundo, como todos os artistas, encarregado pela Providência <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar<br />

da monotonia da vida <strong>de</strong> todos os dias os pedaços <strong>de</strong> i<strong>de</strong>al, que lhe mesclavam<br />

o andamento, para levá-lo ao céu, trazendo-o consagrado por Deus. Afirmou<br />

ainda que, felizmente, em meio <strong>de</strong> todas as dificulda<strong>de</strong>s da vida e das impurezas<br />

da realida<strong>de</strong>, que cercavam o artista no Brasil, ele tinha para confortá-lo<br />

e animá-lo as senhoras brasileiras, que, a exemplo do que fizeram as mulheres<br />

dos que outrora combatiam contra os emboabas, somente davam hospedagem<br />

em suas casas aos vencedores dos inimigos da sua pátria. O efeito produzido<br />

pelas palavras do notável romancista provocou uma ruidosa manifestação <strong>de</strong><br />

entusiasmo que impressionou a todos os presentes.<br />

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