Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Visita dos Acadêmicos Olavo Bilac e Coelho Neto<br />
Poços <strong>de</strong> Caldas <strong>de</strong>slumbrado com a extraordinária recepção que aqui fizeram<br />
aos meus ilustres amigos e ela dá a exata medida do alevantado espírito e<br />
das excelências do coração da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> São João da Boa Vista”.<br />
Os dois imortais da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, Olavo Bilac e Coelho<br />
Neto, muito empolgaram a todos os moradores <strong>de</strong> São João da Boa Vista, que<br />
tiveram a sorte <strong>de</strong> ouvi-los, com seus discursos e <strong>de</strong>clamações, sempre arrebatando<br />
o seleto auditório com a arte em que eram mestres.<br />
Alguns dias <strong>de</strong>pois da visita, o hebdomadário Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São João prestou uma<br />
homenagem aos dois notáveis vultos da literatura brasileira com um número<br />
especial, em 17 <strong>de</strong> abril, que se tornou a principal fonte <strong>de</strong> informações sobre<br />
aquele momento histórico, através do artigo “A apoteose”, assinado por P. S.,<br />
e que contou com diversos colaboradores, como João Antonio <strong>de</strong> Oliveira,<br />
que publicou o texto “Coelho Neto e Olavo Bilac”:<br />
“Contemplar a esses dois astros no firmamento da literatura nacional é<br />
adorar o sol dominando o infinito azulado do céu.<br />
E, se o sol <strong>de</strong>slumbra essa essência <strong>de</strong> seus fogos, qual é a vida da Natureza,<br />
Neto e Bilac rebrilham na majesta<strong>de</strong> da eloquência, palpitando na<br />
escrita ou na voz, como a protoforça da ativida<strong>de</strong> cerebral.<br />
Eles personalizam a eloquência.<br />
Deus infundiu na natureza do homem três aptidões: a pintura, a música e a<br />
eloquência, ten<strong>de</strong>ntes ao gozo da imaginação e do coração; mas a eloquência é<br />
a síntese <strong>de</strong> suas irmãs; porque se o painel fere a retina e arrebata a imaginação;<br />
se a lira penetra como um fluido, no conduto auditivo e comove e plenifica o<br />
coração; o verbo abrasa e espiritualiza, acabando por dominar a razão.<br />
A eloquência <strong>de</strong>screve, como o pincel, a erva que é o verda<strong>de</strong>iro tapete<br />
das campinas e o roble, que é o titão da natureza vegetativa, cobrindo com<br />
o dossel da sua fron<strong>de</strong> a crista da montanha em cujo sopé ele encravou suas<br />
raízes; a flor do prado embalsamando o ambiente, rediviva na pérola do<br />
orvalho engastada na corola e o colibri que a beija e adora; o musgo que se<br />
<strong>de</strong>pendura das pare<strong>de</strong>s como a vida brotando da morte.<br />
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