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Livro ICE - Instituto de Cidadania Empresarial

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Agora que você já compartilhou com seu grupo algumas idéias sobre “cidadania”, e<br />

<strong>de</strong>senvolveu as ativida<strong>de</strong>s do encontro anterior, propomos a leitura <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong> aprofundamento<br />

do tema.<br />

Vamos tentar brevemente historiar o conceito <strong>de</strong> cidadania. A palavra cidadania está vinculada ao<br />

surgimento da vida na cida<strong>de</strong> e à habilida<strong>de</strong> das pessoas em exercer direitos e responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Historicamente, a origem da cidadania está na pólis grega, on<strong>de</strong> homens livres, com participação<br />

política e vivendo numa <strong>de</strong>mocracia direta, exerciam seus direitos e responsabilida<strong>de</strong>s na coletivida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, as socieda<strong>de</strong>s grega e romana, eram escravistas e promoviam somente para uma parcela<br />

da socieda<strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um certo exercício <strong>de</strong> cidadania.<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> capitalista e a ascensão da burguesia enquanto classe<br />

dirigente, a idéia <strong>de</strong> cidadania é retomada e <strong>de</strong>senvolvida. Não <strong>de</strong>vemos esquecer que, nesse<br />

período, a burguesia tinha um caráter revolucionário e encarnava a luta entre a velha socieda<strong>de</strong><br />

burocrático-feudal e a mo<strong>de</strong>rna socieda<strong>de</strong> burguesa.<br />

No entanto, ao <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser uma classe revolucionária, pois agora está no po<strong>de</strong>r e quer consolidar<br />

e esten<strong>de</strong>r sua dominação, a burguesia passa a vincular a idéia <strong>de</strong> direitos humanos e <strong>de</strong><br />

cidadania somente àqueles que têm proprieda<strong>de</strong>. No século XIX, com o incremento da<br />

industrialização nos países europeus, o avanço da organização dos trabalhadores colocou novos<br />

problemas em discussão, que estiveram no cerne das lutas sociais. Um <strong>de</strong>les foi o questionamento da<br />

enorme distância entre os direitos formulados até então e a dura realida<strong>de</strong> vivida pelos trabalhadores<br />

nas cida<strong>de</strong>s. Novos direitos, então, foram reivindicados e conquistados, configurando os chamados<br />

direitos sociais: entre eles, ao trabalho, à moradia e à educação. Hoje, po<strong>de</strong>mos afirmar sem<br />

medo <strong>de</strong> cometer equívoco que ser cidadão é ter “direitos e responsabilida<strong>de</strong>s”.<br />

A Carta <strong>de</strong> Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU), <strong>de</strong> 1948, que<br />

estabelece seus princípios a partir das cartas <strong>de</strong> Direitos do Estados Unidos (1776)<br />

e da Revolução Francesa (1789), afirma que todos os homens são iguais perante a lei, sem<br />

discriminação <strong>de</strong> raça, credo ou cor. Garante a todos o direito <strong>de</strong> um salário condizente para<br />

promover a própria vida, o direito à educação, à saú<strong>de</strong>, à habitação e ao lazer. Garante ainda, o<br />

direito <strong>de</strong> expressar-se livremente, <strong>de</strong> militar em partidos políticos, sindicatos, movimentos e<br />

organizações da socieda<strong>de</strong> civil. No que concerne às responsabilida<strong>de</strong>s individuais, <strong>de</strong>vemos:<br />

promover o respeito aos direitos <strong>de</strong> todas as pessoas, ter responsabilida<strong>de</strong> em conjunto pela<br />

coletivida<strong>de</strong>, respeitar e cumprir as normas e leis elaboradas e <strong>de</strong>cididas coletivamente, po<strong>de</strong>ndo<br />

questioná-las individualmente e coletivamente.<br />

É preciso, contudo, não se esquecer da ambivalência do sistema capitalista. Se, por um lado, os<br />

direitos civis, políticos e sociais conquistados ten<strong>de</strong>m a generalizar-se para toda a população e<br />

tornar-se reivindicáveis por qualquer cidadão, <strong>de</strong> outro, assistimos todos os dias, na imprensa<br />

escrita, falada e televisiva, a situações <strong>de</strong> exploração, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e injustiça, que atentam contra<br />

a legislação sobre os direitos humanos. É exatamente essa contradição que dificulta o exercício da<br />

cidadania, principalmente em países com contrastes mais gritantes. Alguns setores da população<br />

Os homens <strong>de</strong>vem obe<strong>de</strong>cer<br />

às normas e às leis;<br />

no entanto, enquanto<br />

seres racionais,<br />

<strong>de</strong>vem fazer uso da razão e<br />

promover um processo contínuo<br />

<strong>de</strong> crítica às leis, na medida<br />

que as consi<strong>de</strong>rem injustas.<br />

Immanuel Kant<br />

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