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universidade estácio de sá mestrado em direito silvia araújo amorim ...

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interligado aos outros e não está só; se comunica s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> alguma forma ou no mesmo<br />

espaço e t<strong>em</strong>po, ou pela herança genética, b<strong>em</strong> como pelas <strong>de</strong>cisões, pelos fatos históricos,<br />

pelos resultados <strong>de</strong> pesquisas científicas, por crenças, por i<strong>de</strong>ologias… Enfim, há elos<br />

metafísicos que interligam os seres humanos, que, interpretados, faz<strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

situações inexplicáveis da realida<strong>de</strong>.<br />

Ressalta-se que a vida é uma pr<strong>em</strong>issa maior, mas <strong>de</strong>ve estar amparada pelo<br />

princípio da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana. A vida da mãe durante a gravi<strong>de</strong>z só terá sentido se<br />

for <strong>de</strong>senvolvida com dignida<strong>de</strong>. A falta <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong> física e, principalmente, psíquica, pelo<br />

fato <strong>de</strong> ser obrigada a manter uma gravi<strong>de</strong>z <strong>em</strong> que, findo o prazo <strong>de</strong> nove meses, o produto<br />

<strong>de</strong> todo um esforço não sairá <strong>em</strong> seus braços da maternida<strong>de</strong>, ataca <strong>de</strong> forma ve<strong>em</strong>ente a sua<br />

dignida<strong>de</strong>. A gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um feto s<strong>em</strong> qualquer anomalia fetal é entendido como um b<strong>em</strong> 209<br />

ou honra 210 . Entretanto, a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um feto anencefálico po<strong>de</strong> ser visto como um<br />

sacrifício 211 . Trata-se <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira tortura psicológica.<br />

A agressão ao corpo humano também <strong>de</strong>ve ser entendida como uma agressão à<br />

vida. A integrida<strong>de</strong> física e psíquica ou mental do ser humano está ligada ao <strong>direito</strong> à vida, à<br />

liberda<strong>de</strong>, à personalida<strong>de</strong> e, s<strong>em</strong> dúvida, ao princípio da dignida<strong>de</strong>. A vida humana é objeto<br />

assegurado no Art. 5°, caput da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, e implica o <strong>direito</strong> à integrida<strong>de</strong> física e<br />

mental. O <strong>direito</strong> à integrida<strong>de</strong> física e psíquica conforma os <strong>direito</strong>s <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>, não<br />

po<strong>de</strong>ndo ser alienado ou transmitido a outr<strong>em</strong>, pois são erga omnes.<br />

De acordo com Bittar,<br />

De gran<strong>de</strong> expressão para a pessoa é também o <strong>direito</strong> à integrida<strong>de</strong> física, pelo qual<br />

se protege a incolumida<strong>de</strong> do corpo e mente. Consiste <strong>em</strong> manter-se a higi<strong>de</strong>z física<br />

e a luci<strong>de</strong>z mental do ser, opondo-se a qualquer atentado que venha a atingi-las,<br />

como <strong>direito</strong> oponível a todos. 212<br />

209 Em geral, tudo o que possui valor, preço, dignida<strong>de</strong>, a qualquer título. Na verda<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> é a palavra tradicional<br />

para indicar o que, na linguag<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rna, se chama <strong>de</strong> valor. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário <strong>de</strong> filosofia.<br />

Trad. Alfredo Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 107.<br />

210 Toda manifestação <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração e estima tributada a um hom<strong>em</strong> por outros homens, assim, como a<br />

autorida<strong>de</strong>, o prestígio ou o cargo <strong>de</strong> que o reconheçam investidos. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário <strong>de</strong><br />

filosofia, tradução Alfredo Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 517.<br />

211 Destruição <strong>de</strong> um b<strong>em</strong> ou renúncia ao mesmo, <strong>em</strong> honra a divinda<strong>de</strong>. O sacrifício é uma das técnicas<br />

religiosas mais difundidas. Seu objetivo é a purificação <strong>de</strong> alguma culpa ou pecado: neste caso, é <strong>de</strong>sinteressado,<br />

ou seja, não t<strong>em</strong> objetivo utilitário imediato. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário <strong>de</strong> filosofia. Trad. Alfredo<br />

Bosi. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 866.<br />

212 BITTAR, Carlos Alberto. Os <strong>direito</strong>s da personalida<strong>de</strong>. 7. ed. atual. por Eduardo Carlos Bianca Bittar. Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro: Forense Universitária, 2006, p. 76.<br />

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