A CONDESSA VÃSPER Aluà sio Azevedo - Bibliotecadigital.puc ...
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E, por isso e outras cousas, era bem tratado pelas mulheres. Comia,<br />
bebia e fumava com elas, sem que nenhuma lhe exigisse tributos de outra<br />
espécie.<br />
Este, como Reguinho, apresentava a melhor aparência deste mundo —<br />
fraque, chapéu alto, lunetas e bigode.<br />
Foi o Reguinho quem o apresentou em casa do comendador Moscoso,<br />
impingindo-o como autor de várias peças literárias e colaborador de vários<br />
jornais.<br />
O comendador afirmou que já o conhecia muito de nome, e certa noite,<br />
em que o Melo apareceu mais cedo para o cavaco, aquele o tomou pelo braço<br />
e disse-lhe ao ouvido:<br />
— Você é quem me podia prestar um serviço...<br />
— O que quiser, comendador!<br />
— Você é um moço inteligente, e estou convencido que será capaz de<br />
guardar um segredo...<br />
Meio compôs o ar e respondeu:<br />
— O comendador já tem tempo para apreciar o meu caráter!...<br />
— Sim, mas olhe que o negócio é muito sério!...<br />
— Pode confiar de mim sem receio!<br />
— Promete então guardar segredo?<br />
— Dou-lhe a minha palavra de honra!<br />
— Pois vamos cá ao gabinete, e você ficará sabendo do que se trata...<br />
E os dois encerraram-se no grave escritório do comendador Moscoso.<br />
54<br />
XIII<br />
AS VÍTIMAS DO COMENDADOR<br />
— Eu sou o autor daquelas mofinas contra o coronel Pinto Leite...<br />
segredou o comendador, fechando a porta.<br />
O Melo, por única resposta, deu um longo assovio e estalou os dedos no<br />
ar. O comendador aproximou-se mais dele e disse-lhe ao ouvido:<br />
Precisamos esfregar em regra aquele sujeito!...<br />
— Schit! fez Melo, cheio de movimentos misteriosos.<br />
E, depois de uma pausa, o comendador contou uma história muito<br />
engenhosa a respeito de vícios, da maldade e da hipocrisia do pai de Gaspar.<br />
— Ora, que tipo!... dizia de vez em quando o homem dos rolos de papel;<br />
e passava a lembrar planos soberbos e meios ardilosos de estigmatizar o<br />
coronel. Continue a atacá-lo pelo ridículo! Ataque-o pelo ridículo, e verá o<br />
efeito! Olhe! lembra-me até agora uma cousa. Caricaturas! Não seria mau<br />
caricaturar o birbante!...<br />
— Não! não! vamos mesmo pela mofina. A caricatura é dar-lhe muita<br />
importância!... E você é quem me há de arranjar umas boas mofinas... Eu,<br />
confesso, estou esgotado! Dezessete anos de mofina não são nenhuma<br />
brincadeira!...<br />
— Ora, se as arranjo! é o meu gênero! eu tenho a veia da sátira! Na<br />
piada de doer ninguém me leva à palma!<br />
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