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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, não será necessariamente seguido <strong>de</strong> arrependimento, sofrimento, vácuo,<br />

sacie<strong>da</strong><strong>de</strong>, vazio. 15<br />

Libertos do querer, <strong>na</strong> posse do puro conhecimento <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, entramos<br />

em outro mundo on<strong>de</strong> tudo o que excita a nossa vonta<strong>de</strong> e, assim, tão veementemente nos<br />

abala, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir. A tempesta<strong>de</strong> <strong>da</strong>s paixões, o ímpeto dos <strong>de</strong>sejos e todos os tormentos<br />

do querer são <strong>de</strong> imediato acalmados. A libertação proporcio<strong>na</strong><strong>da</strong> pelo conhecimento, elevanos<br />

completamente sobre tudo isso; liberta-nos do mundo dos fenômenos, do sono e dos<br />

sonhos. Felici<strong>da</strong><strong>de</strong> e infelici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecem. O ser humano não é mais indivíduo, mas<br />

“PURO SUJEITO DO CONHECIMENTO <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> Vonta<strong>de</strong> e sofrimento”. 16<br />

Nesse patamar, registra Schopenhauer, um novo ser ético se forma. Este se origi<strong>na</strong> do<br />

fato <strong>de</strong> a vonta<strong>de</strong> não ser excita<strong>da</strong> por objetos que, normalmente, são propícios para excitá-la.<br />

Ao contrário, também aí o conhecimento prepon<strong>de</strong>ra. O caráter assim formado,<br />

consequentemente, consi<strong>de</strong>rará os homens <strong>de</strong> maneira puramente objetiva, não segundo as<br />

relações que po<strong>de</strong>riam ter com a sua vonta<strong>de</strong>. Não <strong>de</strong> acordo com o retorno, a reciproci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a<br />

utili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O caráter do homem ético, por exemplo, notará o erro, o ódio, a injustiça dos outros<br />

contra si sem ser excitado pelo ódio. Notará a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> alheia sem sentir inveja. A sua<br />

felici<strong>da</strong><strong>de</strong> ou infelici<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal não o abaterá. 17<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Schopenhauer, a ética também foi trata<strong>da</strong> por aquela filosofia realista<br />

conforme as leis do fenômeno, que ela tomava por absolutas, váli<strong>da</strong>s inclusive para a coisaem-si.<br />

Com isso a ética era fun<strong>da</strong><strong>da</strong> ou sobre a doutri<strong>na</strong> <strong>da</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong> ou sobre a vonta<strong>de</strong> do<br />

criador do mundo. Por fim também sobre o conceito <strong>de</strong> perfeição:<br />

[...] o qual [conceito <strong>de</strong> perfeição], em e por si, é<br />

totalmente vazio e <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> conteúdo, pois <strong>de</strong>sig<strong>na</strong><br />

uma mera relação que adquire significação só a partir<br />

<strong>da</strong>s coisas às quais é aplica<strong>da</strong>, pois “ser perfeito”, <strong>na</strong><strong>da</strong><br />

mais quer dizer senão “correspon<strong>de</strong>r a algum conceito<br />

pressuposto e <strong>da</strong>do”, conceito portanto que tem <strong>de</strong> ser<br />

estabelecido anteriormente e sem o qual a perfeição é<br />

uma incógnita in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, consequentemente, se<br />

enuncia<strong>da</strong> sozinha, <strong>na</strong><strong>da</strong> diz. 18<br />

Em um ponto <strong>de</strong> O Mundo, Schopenhauer afirma que os sistemas éticos, tanto os<br />

filosóficos quanto os apoiados em doutri<strong>na</strong>s religiosas tentaram sempre fazer a ligação entre<br />

felici<strong>da</strong><strong>de</strong> e virtu<strong>de</strong>. “Os primeiros pelo princípio <strong>de</strong> contradição ou também pelo <strong>de</strong> razão: a<br />

felici<strong>da</strong><strong>de</strong>, portanto como sendo idêntica ou consequência <strong>da</strong> virtu<strong>de</strong>, e isso sempre <strong>de</strong><br />

15 SCHOPENHAUER, A. O mundo como vonta<strong>de</strong> e como representação. São Paulo: Unesp, 2005, § 58.<br />

16 SCHOPENHAUER, A. O mundo como vonta<strong>de</strong> e como representação, § 34.<br />

17 SCHOPENHAUER, A. O mundo como vonta<strong>de</strong> e como representação, § 39.<br />

18 SCHOPENHAUER, A. Apêndice. Crítica <strong>da</strong> filosofia kantia<strong>na</strong>. In: O Mundo como Vonta<strong>de</strong> e como<br />

Representação, p. 534.<br />

18

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