18.01.2015 Views

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A presente questão <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real não se dirige a<br />

<strong>na</strong><strong>da</strong> menos que ao fun<strong>da</strong>mento objetivamente<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro <strong>da</strong> moral. “[...] Quem lança a questão é uma<br />

Aca<strong>de</strong>mia e, como tal, ela não quer uma exortação<br />

dirigi<strong>da</strong> para objetivos práticos à honesti<strong>da</strong><strong>de</strong> e à<br />

virtu<strong>de</strong>, apoia<strong>da</strong> em razões cuja plausibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

realça<strong>da</strong> e cuja fraqueza é disfarça<strong>da</strong>, como acontece<br />

<strong>na</strong>s conferências para o povo. 94<br />

Schopenhauer, entretanto reconhece que a pergunta do concurso promovido pela<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real correspon<strong>de</strong> ao trabalho <strong>de</strong>senvolvido por Kant em sua obra A fun<strong>da</strong>mentação<br />

<strong>da</strong> metafísica dos costumes. Por esse motivo Schopenhauer escolhe essa obra em primeiro<br />

lugar como sendo o fio condutor <strong>de</strong> sua discussão. Isto é, ele parte dos elementos kantianos<br />

contidos nessa obra para fun<strong>da</strong>mentar a moral perante a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real Di<strong>na</strong>marquesa.<br />

Schopenhauer levanta dúvi<strong>da</strong>s também contra a própria consciência moral. Esclarece<br />

que há em reali<strong>da</strong><strong>de</strong> uma consciência espúria que, muitas vezes, é confundi<strong>da</strong> com a<br />

consciência moral. O remorso, segundo Schopenhauer, a inquietação que muitas pessoas<br />

sentem em relação a seus atos não passa <strong>de</strong> temor àquilo que po<strong>de</strong> ocorrer em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses<br />

atos. A violação <strong>de</strong> preceitos externos, arbitrários e até insignificantes atormenta a muitos<br />

com reprovações inter<strong>na</strong>s ti<strong>da</strong>s como sendo a voz <strong>da</strong> consciência.<br />

Declara Schopenhauer que se po<strong>de</strong> constatar que a composição <strong>da</strong> consciência moral<br />

consiste em “um quinto <strong>de</strong> temor aos homens; um quinto <strong>de</strong> temor aos <strong>de</strong>uses; um quinto <strong>de</strong><br />

preconceito; um quinto <strong>de</strong> vai<strong>da</strong><strong>de</strong>; e um quinto restante <strong>de</strong> costume.” 95<br />

Esclarece que a fun<strong>da</strong>mentação <strong>na</strong>tural <strong>da</strong> ética necessita <strong>de</strong> uma consciência não<br />

imposta. Ele coloca em dúvi<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do conceito <strong>de</strong> consciência, perguntando se<br />

existiria realmente uma consciência própria e i<strong>na</strong>ta. Em sua fun<strong>da</strong>mentação, irá apresentar seu<br />

conceito <strong>de</strong> consciência, a qual resi<strong>de</strong> no esse – aquilo que somos. 96<br />

Schopenhauer assim resume a postura cética para negar a existência <strong>de</strong> uma<br />

morali<strong>da</strong><strong>de</strong> genuí<strong>na</strong>:<br />

O conjunto <strong>de</strong>stes escrúpulos céticos não é por certo<br />

suficiente para negar a existência <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a morali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

genuí<strong>na</strong>, mas o é para mo<strong>de</strong>rar nossa expectativa sobre a<br />

disposição moral do ser humano e, assim, sobre o<br />

fun<strong>da</strong>mento <strong>na</strong>tural <strong>da</strong> ética, pois muito <strong>da</strong>quilo que lhe<br />

é atribuído resulta <strong>de</strong> outros motivos, e a observação<br />

sobre a corrupção moral do mundo prova, à<br />

insuficiência, que a motivação para o bem não po<strong>de</strong> ser<br />

tão po<strong>de</strong>rosa, sobretudo porque ela muitas vezes não se<br />

efetiva on<strong>de</strong> os motivos opostos não são fortes, muito<br />

94 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 5.<br />

95 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 116.<br />

96 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 116.<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!