o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe
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Quanto à supressão <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> em função do conhecimento, Schopenhauer enten<strong>de</strong><br />
que somente alguns poucos vêem para além do principium individuationis e enten<strong>de</strong>m o<br />
suficiente para conduzir à negação <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong>.<br />
A supressão ou o quietivo <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> seja pela ascese, seja pelo sofrimento ou pelo<br />
conhecimento implicará <strong>na</strong> supressão do caráter empírico, <strong>de</strong>sdobramento temporal do caráter<br />
inteligível<br />
Partindo <strong>da</strong> doutri<strong>na</strong> kantia<strong>na</strong>, Schopenhauer esclarece que o caráter inteligível é a<br />
Vonta<strong>de</strong> como coisa-em-si a se manifestar em um individuo em um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do grau. O<br />
caráter empírico é o fenômeno tal qual ele se expõe no mesmo indivíduo. Ele acrescenta que o<br />
caráter inteligível <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como um ato extratemporal, indivisível e imutável <strong>da</strong><br />
Vonta<strong>de</strong>, cujo fenômeno, <strong>de</strong>senvolvido e espraiado em tempo, espaço e em to<strong>da</strong>s as formas do<br />
principio <strong>de</strong> razão é o caráter empírico como esse se expõe conforme a experiência; ou seja,<br />
no modo <strong>de</strong> ação no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do homem.<br />
Em função <strong>da</strong> imutabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do caráter empírico – simples <strong>de</strong>sdobramento temporal do<br />
caráter inteligível – e <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s ações resultantes do confronto <strong>da</strong>quele com os<br />
motivos, temos como consequência que o conteúdo ético <strong>de</strong> nossas ações é <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do <strong>de</strong><br />
maneira i<strong>na</strong>lterável; ou seja, vão seria o esforço, segundo Schopenhauer, <strong>de</strong> trabalhar numa<br />
melhoria do próprio caráter ou <strong>de</strong> lutar contra o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s más incli<strong>na</strong>ções. Mas embora tudo<br />
possa ser visto como irrevogavelmente pre<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do pelo <strong>de</strong>stino, em reali<strong>da</strong><strong>de</strong> o é ape<strong>na</strong>s<br />
pela ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> causas. Portanto em caso algum se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r que um efeito apareça sem<br />
sua causa. Não é o acontecimento que está absolutamente <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do, mas o acontecimento<br />
como resultado <strong>de</strong> causas prévias. Deve-se então consi<strong>de</strong>rar não somente o resultado, mas<br />
também os meios necessários para a consecução <strong>de</strong>sse resultado. Assim, se não houver os<br />
meios, não haverá o resultado. Esta seria a reflexão para a supressão do caráter empírico;<br />
ou, em outros termos, a reflexão sobre os meios necessários.<br />
Schopenhauer crê que a supressão <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> permite ao individuo ver através do<br />
principium individuationis, possibilitando ao mesmo obter a mais perfeita bon<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong><br />
disposição do caráter e o amor universal à humani<strong>da</strong><strong>de</strong>; possibilitando, por fim, reconhecer<br />
em todo o sofrimento do mundo o próprio sofrimento em si. Nesta visão estaria a base<br />
metafísica <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentação moral em Schopenhauer; ou seja, no enunciado Tat Tvam Asi.<br />
Mas po<strong>de</strong>-se in<strong>da</strong>gar: on<strong>de</strong> residiria “ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente” a fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral em<br />
Schopenhauer Estaria a base metafísica <strong>de</strong> sua ética no fato <strong>de</strong> o individuo reconhecer a si<br />
próprio, sua essência ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, imediatamente no outro, isto é, no Tat Tvam Asi Ele diz:<br />
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