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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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eu é imposta por aquilo que os hindus indicam pelo nome <strong>de</strong> Maya. Portanto, conforme<br />

Schopenhauer, a base metafísica <strong>da</strong> moral consistiria no fato <strong>de</strong> um individuo reconhecer a si<br />

próprio, a sua essência ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, imediatamente no outro. A compaixão seria uma<br />

<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse reconhecimento, funcio<strong>na</strong>ndo como motivo para as nossas ações. E como<br />

age esse motivo<br />

Em sua obra Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral Schopenhauer estabelece algumas<br />

premissas – mencio<strong>na</strong><strong>da</strong>s no capítulo anterior <strong>na</strong> fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral perante a<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real Di<strong>na</strong>marquesa – visando provar que a compaixão seria o único motivo moral<br />

genuíno. 113 Através <strong>de</strong>ssas premissas ele chega à seguinte conclusão: primeiro, o que move a<br />

vonta<strong>de</strong> é o bem estar ou o mal estar como fim último <strong>de</strong> to<strong>da</strong> ação. Segundo, to<strong>da</strong> ação que<br />

visa o bem estar ou mal estar do agente tem um cunho egoísta. Portanto, “o egoísmo e o valor<br />

moral simplesmente excluem-se um ao outro”. 114 Fi<strong>na</strong>lmente, o significado moral <strong>de</strong> uma<br />

ação encontra-se <strong>na</strong> relação com os outros.<br />

Partindo <strong>da</strong> noção <strong>de</strong> que o bem estar ou o mal estar do outro tem necessariamente que<br />

ser o motivo que justifique a ação consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> ética, o problema então, segundo<br />

Schopenhauer, resi<strong>de</strong> em saber que justificativa existiria para que o outro se torne o fim<br />

último <strong>de</strong> minha vonta<strong>de</strong> como eu próprio sou. Isso implica em que eu sofra com o seu mal<br />

estar como fosse o meu próprio; implica em uma i<strong>de</strong>ntificação. Isso <strong>na</strong><strong>da</strong> mais é que o<br />

fenômeno <strong>da</strong> compaixão, ou seja:<br />

[...] a participação totalmente imediata, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

qualquer outra consi<strong>de</strong>ração, no sofrimento <strong>de</strong> um outro<br />

e, portanto, no impedimento ou supressão <strong>de</strong>ste<br />

sofrimento, como sendo aquilo em que consiste todo o<br />

contentamento e todo bem-estar e felici<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta<br />

compaixão sozinha é a base efetiva <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a justiça<br />

livre e <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a cari<strong>da</strong><strong>de</strong> genuí<strong>na</strong>. Somente quando uma<br />

ação <strong>de</strong>la surgiu é que tem valor moral, e to<strong>da</strong> ação que<br />

se produz por quaisquer outros motivos não tem<br />

nenhum. 115<br />

Para Schopenhauer – como mencio<strong>na</strong>do – só é possível uma ação ser dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> valor<br />

moral, portanto não egoísta quando o motivo para que ela ocorra esteja vinculado ao bemestar<br />

ou mal-estar <strong>de</strong> alguma outra pessoa que <strong>de</strong>la participe, acrescentaríamos, passivamente.<br />

Para isso tor<strong>na</strong>-se necessária uma i<strong>de</strong>ntificação com o outro. É preciso que a diferença entre o<br />

“eu” e o “outro” sobre o qual repousa o egoísmo seja supera<strong>da</strong>.<br />

113 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 132.<br />

114 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 133.<br />

115 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 136.<br />

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