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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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Schopenhauer em sua obra Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral afirma:<br />

Consi<strong>de</strong>remos agora, em contraparti<strong>da</strong>, a motivação<br />

moral estabeleci<strong>da</strong> por mim. Quem ousaria negar que<br />

ela manifesta uma efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> e<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente maravilhosa, em todos os tempos,<br />

entre todos os povos, em to<strong>da</strong>s as situações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>,<br />

também em situações sem lei, também em meio aos<br />

horrores <strong>da</strong>s revoluções e <strong>da</strong> guerra, no gran<strong>de</strong> como no<br />

pequeno, ca<strong>da</strong> dia e ca<strong>da</strong> hora, impedindo diariamente<br />

muita injustiça, chamando <strong>de</strong> fato para a existência,<br />

muitas vezes inespera<strong>da</strong>mente, muitas boas ações sem<br />

qualquer esperança <strong>de</strong> recompensa e que, on<strong>de</strong> ela e<br />

ape<strong>na</strong>s ela efetivou-se, todos nós com emoção e respeito<br />

reconhecemos incondicio<strong>na</strong>lmente o genuíno valor<br />

moral à ação 133<br />

A compaixão <strong>schopenhauer</strong>ia<strong>na</strong>, por seu caráter originário, não po<strong>de</strong> ser ensi<strong>na</strong><strong>da</strong>. A<br />

fun<strong>da</strong>mentação originária <strong>da</strong> compaixão permite uma visão <strong>de</strong>sse sentimento como algo<br />

<strong>na</strong>tural, mas, justamente em função <strong>de</strong>sta <strong>na</strong>turali<strong>da</strong><strong>de</strong>, constata-se que ele é impossível <strong>de</strong> ser<br />

prescrito.<br />

Em Schopenhauer a compaixão se opõe à mal<strong>da</strong><strong>de</strong> e ao egoísmo. Ela nos eleva e nos<br />

conduz ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s huma<strong>na</strong>s inigualáveis, ao atingirmos um grau <strong>de</strong><br />

consciência do ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro sentido do que é ser humano. Representa a nossa mais eleva<strong>da</strong><br />

humani<strong>da</strong><strong>de</strong>. A compaixão, em Schopenhauer, é isenta <strong>de</strong> preconceitos, <strong>de</strong> julgamentos. É<br />

absolutamente universal; a mais universal <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as virtu<strong>de</strong>s.<br />

4.4 – Críticas à abor<strong>da</strong>gem <strong>schopenhauer</strong>ia<strong>na</strong><br />

Filósofos como Ernst Tugendhat, Max Scheler e Friedrich Nietzsche enten<strong>de</strong>m que a<br />

fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral em Arthur Schopenhauer resi<strong>de</strong> no sentimento <strong>da</strong> compaixão. E<br />

elaboram ressalvas a esse respeito.<br />

Ernst Tugendhat em sua obra Lições sobre ética <strong>de</strong>dica todo um capítulo à ética <strong>da</strong><br />

compaixão em Schopenhauer. 134 Tugendhat argumenta que essa última, partindo <strong>de</strong> uma<br />

emoção <strong>na</strong>tural, é inteiramente oposta à ética kantia<strong>na</strong>. Afirma que o conceito<br />

<strong>schopenhauer</strong>iano <strong>de</strong> compaixão não ape<strong>na</strong>s não é plausível, mas também <strong>de</strong> forma alguma é<br />

um conceito moral. Mesmo assim, a insistência <strong>de</strong> Schopenhauer com a compaixão contém<br />

133 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 170-171.<br />

134 TUGENDHAT, E. Lições sobre ética. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Vozes, 2007, p. 177-196.<br />

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