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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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imediata e em outras noções fun<strong>da</strong>mentais que <strong>de</strong>la<br />

<strong>de</strong>rivam ou em outro princípio do conhecimento 89<br />

Diante <strong>da</strong> questão coloca<strong>da</strong>, Schopenhauer <strong>de</strong> imediato procura <strong>de</strong>monstrar que as<br />

exigências <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real impõem limites ao seu trabalho. Ele enten<strong>de</strong> que a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

quer que o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> ética seja <strong>de</strong>monstrado separa<strong>da</strong>mente e por si só, em uma<br />

apresentação curta, <strong>de</strong>sconecta<strong>da</strong> <strong>de</strong> qualquer sistema filosófico. Ou seja, conforme a<br />

compreensão <strong>de</strong> Schopenhauer, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> todos os princípios positivos, <strong>de</strong> todos<br />

os pressupostos não provados, por conseguinte, <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as hipóteses metafísicas. Citando<br />

Christian Wolff, Schopenhauer diz que “as trevas <strong>na</strong> filosofia prática não se dissipam se a luz<br />

<strong>da</strong> metafísica não as ilumi<strong>na</strong>” 90 E, fazendo menção a Kant, consi<strong>de</strong>ra que a “metafísica <strong>de</strong>ve<br />

prece<strong>de</strong>r e, sem ela, não po<strong>de</strong> haver nenhuma filosofia moral” 91 Sentencia Schopenhauer:<br />

“Sou portanto obrigado a respon<strong>de</strong>r a questão <strong>de</strong>ntro dos limites que ela mesma traçou ao se<br />

isolar.” 92<br />

Conforme expõe Schopenhauer, a questão posta pela Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real causou<br />

incômodo não pela sua complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas porque impôs um procedimento a<strong>na</strong>lítico a sua<br />

dissertação Ele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, a partir <strong>da</strong> metafísica <strong>da</strong><strong>da</strong> e admiti<strong>da</strong> como ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira, po<strong>de</strong>-se<br />

chegar ao fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> ética pelo caminho sintético. Assim, a fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral<br />

po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> apoio firme, sendo seus argumentos extraídos a partir <strong>de</strong> uma base sóli<strong>da</strong>.<br />

Entretanto, com essa separação entre a ética e a metafísica, exigi<strong>da</strong> pela Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real<br />

Di<strong>na</strong>marquesa, não haveria para Schopenhauer outra alter<strong>na</strong>tiva a não ser adotar o<br />

procedimento a<strong>na</strong>lítico: ele partiria dos fatos, quer <strong>da</strong> experiência exter<strong>na</strong>, quer <strong>da</strong><br />

consciência.<br />

Na fun<strong>da</strong>mentação <strong>schopenhauer</strong>ia<strong>na</strong> <strong>da</strong> moral, dois pontos se <strong>de</strong>stacam: O primeiro<br />

<strong>de</strong>les está <strong>na</strong> sua intenção <strong>de</strong> trabalhar <strong>de</strong> forma honesta com a gran<strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todos<br />

aqueles que, antes <strong>de</strong>le, mesclaram muitas vezes, como mencio<strong>na</strong>mos, o principio <strong>da</strong> ética<br />

com o seu fun<strong>da</strong>mento. Nas palavras <strong>de</strong> Schopenhauer:<br />

[...] Mas não me proponho, <strong>na</strong> parte que se segue, a ter<br />

a mesma habili<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas sim a proce<strong>de</strong>r honestamente,<br />

não fazendo valer o princípio <strong>da</strong> ética por seu<br />

fun<strong>da</strong>mento, mas pensando outrossim em separá-los<br />

bem claramente. Quero pois reconduzir aquele “hó, ti” –<br />

89 39 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p.4.<br />

90 WOLFF, C. Philosophia practica, parte 2, § 28. Apud SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral.<br />

São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 7.<br />

91 KANT, I. Fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> metafísica dos costumes, prefácio. Apud SCHOPENHAUER, A. Sobre o<br />

fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 7.<br />

92 SCHOPENHUAER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 9.<br />

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