o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe
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Essa supressão <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> implica <strong>na</strong> supressão do caráter empírico. O estado no qual o<br />
caráter se isenta do po<strong>de</strong>r dos motivos, esclarece Schopenhauer, não proce<strong>de</strong> <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong>, mas<br />
<strong>de</strong> uma forma modifica<strong>da</strong> <strong>de</strong> conhecimento. Conhecimento que transcen<strong>de</strong> o principium<br />
individuationis. Desse conhecimento resulta um quietivo universal do querer. Ain<strong>da</strong><br />
aproximando-se <strong>da</strong> linha cristã, ele atribui essa conversão a um efeito <strong>da</strong> Graça.<br />
Ora, como em consequência <strong>de</strong> tal efeito <strong>da</strong> graça to<strong>da</strong><br />
essência do homem é radicalmente mu<strong>da</strong><strong>da</strong> e reverti<strong>da</strong>,<br />
<strong>de</strong> tal forma que ele <strong>na</strong><strong>da</strong> quer do que até então<br />
veementemente queria, logo, em reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, um novo<br />
homem substitui o antigo, a Igreja <strong>de</strong>nominou essa<br />
consequência do efeito <strong>da</strong> graça, RENASCIMENTO. 87<br />
Com a supressão ou negação <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> ocorre a supressão <strong>de</strong> todos os fenômenos.<br />
Desejos são suprimidos. Tempo, espaço, sujeito, objeto, incli<strong>na</strong>ções são abolidos. “Nenhuma<br />
representação. Nenhum mundo.” 88 Só resta no fluxo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> o eterno presente. O Na<strong>da</strong>!<br />
3.4 – Fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral perante a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real Di<strong>na</strong>marquesa<br />
Em 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1840, a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real Di<strong>na</strong>marquesa <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong><br />
Copenhague promoveu um concurso que contou com a participação <strong>de</strong> Arthur Schopenhauer<br />
como único concorrente. A questão formula<strong>da</strong> pela Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real foi:<br />
Tendo em vista que a idéia originária <strong>da</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou<br />
do conceito principal <strong>da</strong> lei moral suprema surge com<br />
uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> que lhe é própria, embora não seja <strong>de</strong><br />
modo nenhum lógica, não só <strong>na</strong> ciência que tem por<br />
objetivo expor o conhecimento ético, mas também <strong>na</strong><br />
vi<strong>da</strong> real, <strong>na</strong> qual ela se apresenta, em parte no juízo <strong>da</strong><br />
consciência sobre nossas próprias ações, em parte em<br />
nossos juízos morais sobre o comportamento dos outros<br />
–, e tendo em vista, além disso, que vários conceitos<br />
morais principais, <strong>na</strong>scidos <strong>da</strong>quela idéia e <strong>de</strong>la<br />
inseparáveis, como, por exemplo, o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver e<br />
o <strong>da</strong> imputabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, fazem-se valer com a mesma<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e no mesmo âmbito – e, ain<strong>da</strong>, que nos<br />
caminhos que segue a pesquisa filosófica <strong>de</strong> nosso<br />
tempo parece muito importante investigar <strong>de</strong> novo este<br />
objeto – quer a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que se reflita e se trate<br />
cui<strong>da</strong>dosamente <strong>da</strong> seguinte questão: A fonte e o<br />
fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> filosofia <strong>da</strong> moral <strong>de</strong>vem ser buscados<br />
numa idéia <strong>de</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong> conti<strong>da</strong> <strong>na</strong> consciência<br />
87 SCHOPENHAUER, A. O mundo como vonta<strong>de</strong> e como representação. São Paulo: Unesp, 2005, § 70.<br />
88 SCHOPENHAUER, A. O mundo como vonta<strong>de</strong> e como representação, § 70.<br />
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