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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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O princípio <strong>de</strong> razão suficiente não se aplica ao mistério <strong>da</strong> compaixão e, portanto,<br />

nenhum conhecimento abstrato <strong>da</strong> mesma po<strong>de</strong> ser fornecido. Schopenhauer <strong>de</strong>clara:<br />

Certamente para se ter mais esperança para o bem-estar<br />

<strong>de</strong> todos <strong>na</strong> assistência mútua que <strong>da</strong>í surge do que<br />

<strong>na</strong>quele geral e abstrato man<strong>da</strong>mento estrito do <strong>de</strong>ver,<br />

que resulta <strong>de</strong> certas consi<strong>de</strong>rações racio<strong>na</strong>is e<br />

combi<strong>na</strong>ções <strong>de</strong> conceitos, do qual se está em estado <strong>de</strong><br />

esperar tanto menos êxito por serem as proposições<br />

gerais e as ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s abstratas incompreensíveis para o<br />

homem ru<strong>de</strong> [...] Em contraparti<strong>da</strong>, para <strong>de</strong>spertar a<br />

compaixão comprova<strong>da</strong> como a única fonte <strong>de</strong> ações<br />

altruístas e por isso como a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira base <strong>da</strong><br />

morali<strong>da</strong><strong>de</strong>, não é preciso nenhum conhecimento<br />

abstrato, mas ape<strong>na</strong>s intuitivo, a mera apreensão do caso<br />

concreto, no qual a compaixão logo se revela sem<br />

maiores mediações <strong>de</strong> pensamento. 129<br />

A compaixão é o maior mistério <strong>da</strong> ética porque exige o reconhecimento do outro<br />

como possuindo a mesma essência. Só através <strong>da</strong> supressão <strong>da</strong> individuação é que a<br />

infelici<strong>da</strong><strong>de</strong> do outro e a sua necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> tor<strong>na</strong>m-se motivos para mim. Fora disso, só po<strong>de</strong>m<br />

ser motivos os meus próprios. Este processo – repetimos – é misterioso, pois é algo <strong>de</strong> que a<br />

razão não po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r conta diretamente e cujos fun<strong>da</strong>mentos não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scobertos pelo<br />

caminho <strong>da</strong> experiência. No entanto, registra Schopenhauer, trata-se <strong>de</strong> algo cotidiano.<br />

“O mistério <strong>da</strong> compaixão”: <strong>de</strong>claração enigmática para os acadêmicos<br />

di<strong>na</strong>marqueses. Declaração enigmática para quem não conhece os preceitos orientais nos<br />

quais Schopenhauer se pautou. Desse modo, oportuno é se aproximar do “Oriente <strong>de</strong> Arthur<br />

Schopenhauer”.<br />

4.3 – O Oriente <strong>de</strong> Arthur Schopenhauer<br />

Como mencio<strong>na</strong>do, os filósofos do período do Romantismo, além dos conteúdos<br />

específicos que refletem as idéias <strong>de</strong> sua época, foram influenciados pelos conceitos<br />

provenientes do Oriente. Nesse período, a Europa começou a ser invadi<strong>da</strong> por pensamentos<br />

provenientes do Oriente místico e Schopenhauer, <strong>de</strong>ntre esses filósofos, foi um dos mais<br />

tocados pelos mesmos.<br />

129 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 183-184.<br />

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