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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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que é o princípio, a proposição fun<strong>da</strong>mental sobre cujo<br />

conteúdo todos os éticos estão <strong>de</strong> acordo, por mais<br />

diversas maneiras com que o vistam – à expressão que<br />

tomo pela mais fácil e mais pura <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s: “neminen<br />

lae<strong>de</strong>, imo omines, quantum potes, iuva!” [sic] [não<br />

faças mal a ninguém, mas antes aju<strong>da</strong> a todos que<br />

pu<strong>de</strong>res!]. Esta é propriamente a frase que todos os<br />

doutri<strong>na</strong>dores <strong>de</strong> moral esforçam-se por fun<strong>da</strong>mentar, o<br />

resultado comum <strong>de</strong> suas tão varia<strong>da</strong>s <strong>de</strong>duções: é o<br />

“hó, ti”, para o qual se busca ain<strong>da</strong> sempre o “dióti”, a<br />

conseqüência para a qual se exige a razão, portanto o<br />

próprio “<strong>da</strong>tum”, do qual o “quaesitum” é o problema<br />

<strong>de</strong> to<strong>da</strong> a ética e também <strong>da</strong> presente pergunta premia<strong>da</strong>.<br />

A solução <strong>de</strong>ste problema fornecerá o próprio<br />

fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> ética que se procura há séculos, tal como<br />

a pedra filosofal. 93<br />

O segundo ponto a ser <strong>de</strong>stacado está <strong>na</strong> intenção <strong>schopenhauer</strong>ia<strong>na</strong> <strong>de</strong> trabalhar com<br />

a idéia <strong>de</strong> consciência moral, confrontando as atitu<strong>de</strong>s ti<strong>da</strong>s como “egoístas” com o<br />

sentimento <strong>de</strong> compaixão.<br />

Schopenhauer em sua fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral perante a Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Real<br />

Di<strong>na</strong>marquesa adota a seguinte linha <strong>de</strong> raciocínio. Ele principia por uma visão geral<br />

retrospectiva sobre a fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> ética, procurando i<strong>de</strong>ntificar as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

fracassos anteriores, incluindo nessa parte sua visão crítica <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentação kantia<strong>na</strong> <strong>da</strong><br />

moral. Apresenta em segui<strong>da</strong> sua visão cética quanto às tentativas feitas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> dois<br />

mil anos para encontrar um fun<strong>da</strong>mento incontestável para a moral, confrontando a<br />

consciência moral com a visão ética. Estabeleci<strong>da</strong>s essas bases, Schopenhauer parte para a<br />

fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral. Para tanto, ele trabalha com as motivações anti-morais diante <strong>da</strong>s<br />

ações dota<strong>da</strong>s <strong>de</strong> valor moral. Procura estabelecer a prova única, segundo ele, <strong>da</strong> motivação<br />

moral genuí<strong>na</strong>: a compaixão. E conclui sua exposição com a fun<strong>da</strong>mentação metafísica <strong>da</strong><br />

moral.<br />

Muitos dos elementos que fazem parte <strong>da</strong> visão geral retrospectiva sobre a<br />

fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> ética, acima mencio<strong>na</strong><strong>da</strong>, foram abor<strong>da</strong>dos no item 2.3 <strong>de</strong>ste nosso trabalho<br />

sob o título <strong>de</strong> “Críticas <strong>de</strong> Arthur Schopenhauer às concepções morais anteriores”. Iremos,<br />

portanto, direcio<strong>na</strong>r nossas atenções para a visão cética <strong>de</strong> Schopenhauer no que tange às<br />

tentativas anteriores para encontrar um fun<strong>da</strong>mento incontestável para a moral.<br />

Schopenhauer inicia sua tarefa procurando <strong>de</strong> imediato <strong>de</strong>monstrar a fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

concepções anteriores. Ele expressa:<br />

93 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p.44. Talvez em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> revisão, a frase lati<strong>na</strong> está grafa<strong>da</strong> <strong>de</strong> maneira i<strong>na</strong><strong>de</strong>qua<strong>da</strong>. Sua versão correta é a<br />

seguinte: neminem lae<strong>de</strong>, imo omnes, quantum potes, iuva!<br />

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