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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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1 – INTRODUÇÃO<br />

“O homem mais compassivo é o homem melhor, o mais incli<strong>na</strong>do para to<strong>da</strong>s as<br />

virtu<strong>de</strong>s sociais e para to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> mag<strong>na</strong>nimi<strong>da</strong><strong>de</strong>” – Lessing 1<br />

Na filosofia, nos currículos <strong>da</strong>s escolas, <strong>na</strong>s organizações empresariais, <strong>na</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

nos discursos dos políticos a ética tem estado constantemente presente.<br />

Temas diversos solicitam um posicio<strong>na</strong>mento moral: questões <strong>de</strong> família, trabalho,<br />

trabalho escravo, direitos <strong>de</strong> grupos margi<strong>na</strong>lizados, direitos <strong>de</strong> estrangeiros, direitos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes, abortos, casos <strong>de</strong> tortura, questões ecológicas, cui<strong>da</strong>do com os animais, fome no<br />

mundo, pobreza, direitos humanos, crenças religiosas, tecnologia genética...<br />

Os filósofos gregos sempre vincularam a ética às idéias <strong>de</strong> felici<strong>da</strong><strong>de</strong> e Soberano Bem.<br />

Nos dias atuais a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> encontra-se vincula<strong>da</strong> às conquistas, à eficácia técnica, ao<br />

consumismo. Ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a ca<strong>da</strong> dia <strong>da</strong>s forças exter<strong>na</strong>s que tudo controlam e domi<strong>na</strong>m,<br />

ficando evi<strong>de</strong>nciado que entre a concepção dos gregos e a atual existe uma gran<strong>de</strong> ruptura,<br />

uma gran<strong>de</strong> contradição. Houve não só um enfraquecimento <strong>da</strong> noção <strong>de</strong> ética, como também<br />

uma manipulação do seu conceito. Houve um enfraquecimento <strong>da</strong>s conquistas do espírito com<br />

o avanço <strong>da</strong> técnica. Houve uma quebra <strong>na</strong> relação <strong>de</strong> intersubjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vido ao enorme<br />

crescimento do egoísmo. Hoje a lógica do mercado transforma o homem em objeto <strong>de</strong>sse<br />

mercado.<br />

Vive-se um momento <strong>de</strong> alie<strong>na</strong>ção social do indivíduo. Trata-se <strong>de</strong> um processo<br />

histórico que atinge seu auge no modo <strong>de</strong> produção capitalista, em um mercado globalizado,<br />

mostrando aí suas diversas faces e caracterizando, <strong>de</strong>sse modo, uma ética <strong>de</strong> mercado, uma<br />

ética <strong>de</strong> marketing esperto, provocando assim uma alie<strong>na</strong>ção espiritual.<br />

E a racio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> que hoje conduz tudo isso, a que se impôs, é a racio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

técnico-científica. Racio<strong>na</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> que não dá um sentido às ações do homem. Sentido que<br />

<strong>de</strong>ve ser essencialmente humano.<br />

Ernst Tugendhat afirma que po<strong>de</strong>mos ser partidários <strong>da</strong> concepção <strong>de</strong> Nietzsche,<br />

segundo a qual hoje a moral, em sentido comum, acabou <strong>de</strong>pois que a fun<strong>da</strong>mentação<br />

religiosa foi rejeita<strong>da</strong> e também <strong>de</strong>pois que outras tentativas <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mentação não-religiosa<br />

como a kantia<strong>na</strong> fracassaram. Como po<strong>de</strong>mos e <strong>de</strong>vemos nos posicio<strong>na</strong>r em relação à ética,<br />

1 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 190.<br />

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