18.01.2015 Views

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ética no que concerne aos atos <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> e às antigas pretensões <strong>de</strong> mol<strong>da</strong>r o caráter<br />

empírico. 71<br />

Os atos <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> sempre possuem um fun<strong>da</strong>mento em si nos motivos. Tais motivos,<br />

entretanto, segundo Schopenhauer, só <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>m o que queremos neste lugar, nestas<br />

circunstâncias. Eles não <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>m o que queremos em geral, isto é, as máximas que<br />

evi<strong>de</strong>nciam todo o nosso querer. Assim a essência <strong>de</strong> nosso querer não é justifica<strong>da</strong> por<br />

motivos. Estes <strong>de</strong>limitam exclusivamente sua exteriorização em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do ponto do tempo;<br />

são ape<strong>na</strong>s ocasiões em que nossa vonta<strong>de</strong> se manifesta. A Vonta<strong>de</strong>, em si, encontra-se fora<br />

do domínio <strong>da</strong> lei <strong>de</strong> motivação. Somente seu fenômeno em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do ponto do tempo será<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do por tal lei. Tudo isso pressupõe a existência do caráter empírico que é o motivo e<br />

fun<strong>da</strong>mento suficiente do nosso agir. Portanto, somente o fenômeno <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> está<br />

submetido ao principio <strong>de</strong> razão não ela mesma que, conforme Schopenhauer, é em si sem<br />

fun<strong>da</strong>mento.<br />

Para ca<strong>da</strong> manifestação <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong>, ca<strong>da</strong> ato, é possível i<strong>de</strong>ntificar um motivo pelo<br />

qual esse ato necessariamente <strong>de</strong>ve ocorrer em função do caráter empírico do agente. Mas a<br />

existência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do caráter em um indivíduo, marcado pelo seu querer e por seus<br />

motivos, correspon<strong>de</strong> a algo para o qual Schopenhauer crê que não se po<strong>de</strong> fornecer<br />

fun<strong>da</strong>mento algum. Ele enten<strong>de</strong> que é inexplicável aquilo que ca<strong>da</strong> individuo é em seu<br />

caráter, o qual se acha pressuposto em qualquer expla<strong>na</strong>ção dos atos <strong>de</strong>sse mesmo a partir <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos motivos.<br />

Em função disso, Schopenhauer <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> que a filosofia <strong>de</strong>ve ser sempre<br />

teórica, <strong>de</strong>ve sempre manter uma atitu<strong>de</strong> contemplativa, não importando qual é o objeto <strong>de</strong><br />

investigação. Deve sempre inquirir ao invés <strong>de</strong> prescrever regras. A virtu<strong>de</strong>, assim como a<br />

arte, não po<strong>de</strong> ser ensi<strong>na</strong><strong>da</strong>. Tolice seria criar expectativas, enten<strong>de</strong> ele, <strong>de</strong> que qualquer<br />

sistema moral tivesse o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> criar caracteres virtuosos, nobres, santos. Assim como se<br />

nossas estéticas pu<strong>de</strong>ssem produzir poetas, pintores, músicos. 72<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, em termos <strong>de</strong> limites, Schopenhauer consi<strong>de</strong>ra que o individuo, a pessoa,<br />

não é a Vonta<strong>de</strong> como coisa-em-si, mas seu fenômeno. Como fenômeno <strong>da</strong> Vonta<strong>de</strong> enquanto<br />

tal não é livre, mas está submetido à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Apesar <strong>de</strong> todos os propósitos e reflexões,<br />

não mu<strong>da</strong> sua conduta, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início até o fim <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> tem <strong>de</strong> conduzir o mesmo caráter<br />

71 SCHOPENHAUER, A. O mundo como vonta<strong>de</strong> e como representação. São Paulo: Unesp, 2005, § 53.<br />

72 SCHOPENHAUER, A. O mundo como vonta<strong>de</strong> e como representação, §66.<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!