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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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distinção <strong>de</strong> Kant entre fenômeno e coisa-em-si, que é<br />

âmago mais íntimo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a sua filosofia e seu maior<br />

mérito. 65<br />

De acordo com Schopenhauer embora Kant possuísse a convicção <strong>de</strong> que a liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

não po<strong>de</strong> ter lugar <strong>na</strong>s ações huma<strong>na</strong>s, porque ela não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong> teoricamente, ele,<br />

Kant, removeu uma carga <strong>de</strong> peso infinito dos ombros dos homens ao consi<strong>de</strong>rar a liber<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> vonta<strong>de</strong>.<br />

As ações dos indivíduos <strong>de</strong>termi<strong>na</strong><strong>da</strong>s pelos motivos, segundo Schopenhauer, não<br />

po<strong>de</strong>riam acontecer nunca <strong>de</strong> outro modo, senão <strong>de</strong> acordo com seu caráter empírico, que é<br />

individual e imutável. Como alguém é, assim tem <strong>de</strong> agir. O agir segue o ser. Assim a<br />

liber<strong>da</strong><strong>de</strong> não pertenceria ao caráter empírico, mas tão somente ao caráter inteligível. É<br />

oportuno reconhecer, para melhor entendimento <strong>da</strong> moral <strong>schopenhauer</strong>ia<strong>na</strong>, que o caráter<br />

empírico é imutável. Não po<strong>de</strong> ser mu<strong>da</strong>do através <strong>de</strong> conselhos nem <strong>de</strong> recomen<strong>da</strong>ções. Mas,<br />

<strong>de</strong> acordo com a filosofia oriental, <strong>na</strong> qual Schopenhauer se baseia para fun<strong>da</strong>mentar sua<br />

moral, o caráter empírico po<strong>de</strong> ser suprimido, transcendido. Assim ocorrendo, <strong>da</strong>rá lugar ao<br />

caráter inteligível.<br />

[...] Ca<strong>da</strong> coisa no mundo age <strong>de</strong> acordo com aquilo que<br />

ela é <strong>de</strong> acordo com sua <strong>na</strong>tureza, <strong>na</strong> qual, por isso,<br />

to<strong>da</strong>s as suas manifestações já estão conti<strong>da</strong>s como<br />

‘potentia’ (segundo a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>), mas acontecem<br />

como ‘actu’ (<strong>na</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>), quando causas exteriores as<br />

produzem; por meio do que, pois, aquela própria<br />

<strong>na</strong>tureza se manifesta. Este é o caráter empírico. Em<br />

contraparti<strong>da</strong>, seu último fun<strong>da</strong>mento interno não<br />

acessível à experiência, é o caráter inteligível, quer<br />

dizer, a essência em-si <strong>de</strong>sta coisa. 66<br />

No que tange à doutri<strong>na</strong> kantia<strong>na</strong> <strong>da</strong> consciência, Schopenhauer reconhece que a<br />

suposta razão prática, com seu imperativo categórico, seria um parente próximo <strong>da</strong><br />

consciência, embora diferente, pois o imperativo categórico or<strong>de</strong><strong>na</strong> antes e a consciência só<br />

fala <strong>de</strong>pois. 67<br />

Ele enten<strong>de</strong> que somente através <strong>da</strong>s ações é que ca<strong>da</strong> um apren<strong>de</strong> a conhecer a si<br />

mesmo e aos <strong>de</strong>mais empiricamente. Ou seja, o saber do homem sobre si mesmo é o seu saber<br />

sobre aquilo que ele faz. A consciência retira sempre sua matéria <strong>da</strong> experiência, o que não<br />

po<strong>de</strong> fazer o suposto imperativo categórico, já que é puro a priori.<br />

65 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 94.<br />

66 SCHOPENHUAER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 96.<br />

67 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 86.<br />

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