18.01.2015 Views

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

somente em nossa representação. Kant concebeu a coisa-em-si como uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que não<br />

se po<strong>de</strong> conhecer, estando além dos limites <strong>da</strong> experiência.<br />

Schopenhauer parte dos conceitos <strong>de</strong> Idéia platônica e <strong>de</strong> coisa-em-si kantia<strong>na</strong> para<br />

chegar ao enunciado Tat Tvam Asi (Isto és tu). Ele irá trabalhar essa idéia através <strong>da</strong><br />

percepção <strong>de</strong> que uma mesma essência liga todos os seres. Será a base metafísica <strong>da</strong> sua<br />

fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral.<br />

Dentre todos os elementos <strong>da</strong> filosofia oriental mencio<strong>na</strong>dos por Schopenhauer,<br />

<strong>de</strong>stacam-se os conceitos <strong>de</strong> Maya, Trimurti e Tat Tvam Asi (Isto és tu). Desse último advém<br />

o sentimento oriental <strong>da</strong> compaixão. O entendimento do real significado <strong>de</strong>sses conceitos será<br />

fun<strong>da</strong>mental para a compreensão <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> moral em Arthur Schopenhauer.<br />

A relação entre Schopenhauer e os ensi<strong>na</strong>mentos do Oriente se fez presente a partir <strong>de</strong><br />

1810, bem antes <strong>da</strong> publicação <strong>de</strong> sua principal obra O mundo como vonta<strong>de</strong> e como<br />

representação, como será esclarecido no capítulo quatro <strong>de</strong>sta dissertação. Em suas obras<br />

pesquisa<strong>da</strong>s para a realização <strong>da</strong> presente dissertação, é possível constatar profundo apreço e<br />

respeito que ele expressa pelos pensamentos dos sábios <strong>da</strong> Índia.<br />

Schopenhauer trabalhou os três conceitos orientais antes mencio<strong>na</strong>dos a partir <strong>de</strong> sua<br />

leitura dos Upanixa<strong>de</strong>s. No capítulo quatro <strong>de</strong> nossa pesquisa, ao a<strong>na</strong>lisarmos o “O Oriente <strong>de</strong><br />

Schopenhauer”, iremos constatar que, em 1819, ele leu os cinqüenta Upanixa<strong>de</strong>s traduzidos<br />

para o latim por Anquetil-Duperron. Alan Roger no prefácio <strong>da</strong> obra Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong><br />

moral mencio<strong>na</strong> este fato. 54<br />

O conceito <strong>de</strong> Maya, envolvido pela doutri<strong>na</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>usa Maya, está relacio<strong>na</strong>do ao<br />

conceito <strong>schopenhauer</strong>iano <strong>de</strong> representação, uma vez que se refere ao mundo dos sonhos,<br />

<strong>da</strong>s ilusões, dos <strong>de</strong>sejos, <strong>da</strong>s dores, do sofrimento – como po<strong>de</strong> ser constatado em O Mundo,<br />

parágrafo 63. O Trimurti relacio<strong>na</strong>-se à tría<strong>de</strong> divi<strong>na</strong> hindu – Brahman, Visnu, Siva – e está<br />

ligado ao conceito <strong>schopenhauer</strong>iano <strong>de</strong> Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong> – O Mundo, parágrafo 54. O Tat<br />

Tvam Asi, um dos Mahavakyas – “gran<strong>de</strong>s ditos” dos Upanixa<strong>de</strong>s – correspon<strong>de</strong> à essência<br />

única à qual Schopenhauer procura associar o sentimento <strong>da</strong> compaixão – O Mundo,<br />

parágrafo 66.<br />

Em se tratando do conceito oriental <strong>de</strong> Maya, há evidências <strong>da</strong>s influências do mesmo<br />

<strong>na</strong>s obras <strong>de</strong> Arthur Schopenhauer. A <strong>de</strong>usa Maya é amplamente utiliza<strong>da</strong> por ele em sua<br />

teoria <strong>da</strong> representação. Por exemplo, no que se refere às representações e aos fenômenos, os<br />

54 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. XXXII, nota 36.<br />

35

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!