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o fenômeno da compaixão na ética de arthur schopenhauer - FaJe

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para todos os seres – caráter <strong>de</strong> universali<strong>da</strong><strong>de</strong> – como manifestação <strong>da</strong> bon<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>na</strong>tural e do<br />

conhecimento superior <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os seres.<br />

Como o motivo <strong>da</strong> compaixão está situado no sofrimento do outro, Schopenhauer<br />

procura <strong>de</strong>spertar nossa atenção para o erro <strong>de</strong> Cassi<strong>na</strong> “[...] que sustenta que a compaixão<br />

surge por uma ilusão momentânea <strong>da</strong> fantasia, pois nos pomos no lugar do sofredor e assim<br />

julgamos pela imagi<strong>na</strong>ção sofrer sua dor em nossa pessoa”. 117 Schopenhauer esclarece que o<br />

outro é o sofredor, e não nós; é <strong>na</strong> sua pessoa que sentimos sua dor; a dor pertence a ele, é<br />

<strong>de</strong>le, e não nossa.<br />

Da virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> compaixão, esclarece Schopenhauer, <strong>de</strong>correm to<strong>da</strong>s as virtu<strong>de</strong>s.<br />

Fazendo menção a Rousseau, ele relata que a compaixão é um sentimento que, mo<strong>de</strong>rando em<br />

ca<strong>da</strong> individuo o amor a si mesmo, concorre para a conservação mútua <strong>de</strong> to<strong>da</strong> espécie. É ela<br />

que no estado <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza toma o lugar <strong>de</strong> leis, costumes, virtu<strong>de</strong>s. É neste sentimento <strong>na</strong>tural<br />

que <strong>de</strong>vemos encontrar a causa <strong>da</strong> repugnância que todo homem experimentaria em fazer o<br />

mal, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s máximas <strong>da</strong> educação recebi<strong>da</strong>.<br />

Schopenhauer trata a compaixão como um fenômeno ético originário; como um<br />

mistério. Fenômeno <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor e que não é fácil <strong>de</strong> alcançar ape<strong>na</strong>s pela psicologia. Só<br />

metafisicamente que se consegue chegar a um entendimento a respeito. 118<br />

A compaixão, como fenômeno ético originário, é por Schopenhauer associa<strong>da</strong> ao<br />

principio: “Não prejudiques a ninguém, mas aju<strong>da</strong> a todos quanto pu<strong>de</strong>res”. 119 “Não<br />

prejudiques a ninguém”, conforme Schopenhauer, seria direcio<strong>na</strong>do à justiça. “Aju<strong>da</strong> a todos<br />

quanto pu<strong>de</strong>res”, estaria ligado à cari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sinteressa<strong>da</strong>. Consi<strong>de</strong>rando o seu vínculo<br />

metafísico, a compaixão <strong>schopenhauer</strong>ia<strong>na</strong>, portanto, possui dupla <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>ção: por um lado,<br />

ela fun<strong>da</strong> a moral através <strong>da</strong>s virtu<strong>de</strong>s <strong>da</strong> justiça e cari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sinteressa<strong>da</strong>s; por outro lado,<br />

abre-se para a essência última dos seres.<br />

De acordo com o enunciado acima po<strong>de</strong>mos constatar que há dois graus distintos – em<br />

Schopenhauer – pelos os quais o sofrimento <strong>de</strong> alguém po<strong>de</strong> se tor<strong>na</strong>r nosso motivo para uma<br />

ação consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong> cunho ético. Um primeiro grau seria aquele pelo qual, opondo-nos aos<br />

nossos motivos egoístas e maldosos, não nos tor<strong>na</strong>mos a causa do sofrimento alheio – virtu<strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> justiça. Um grau mais elevado surgiria quando a compaixão nos conduz a aju<strong>da</strong>r ao<br />

117 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 140.<br />

118 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 140.<br />

119 SCHOPENHAUER, A. Sobre o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> moral, p. 140.<br />

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