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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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gentes, permaneceram no terreno, que em pouco tempo foi<br />

revitalizado. O espaço, que ficava ao lado da igreja da cidade,<br />

virou um parque bem arborizado e muito frequentado por<br />

casais de namorados e crianças que o usavam como campo<br />

de futebol.<br />

A vida agitada do ex-cemitério e as muitas décadas que haviam<br />

passado dificultavam a identificação do exato local em<br />

que os catorze homens permaneciam. A busca de Pepe começou<br />

em 2004, então com 77 anos. Primeiro, veio a burocracia<br />

para conseguir a permissão de cavar o local. O trabalho<br />

com as enxadas começou apenas quatro anos mais tarde.<br />

Um arqueólogo, sensibilizado pela história, se dispôs a ajudar<br />

na escavação, mas a mão de obra foi feita pelos próprios<br />

familiares e amigos das vítimas. O Estado não se responsabiliza<br />

pela exumação dos mortos pela guerra.<br />

A liberação para retirar o primeiro lote de terra chegou quando<br />

Pepe estava com 81 anos. Mais do que nunca, para achar<br />

o pai precisava da ajuda dos filhos Eduardo, Ángel Luis e<br />

Manuel Martín. Eles, por sua vez, tinham compromissos de<br />

trabalho e fizeram a escavação pouco a pouco. Após alguns<br />

meses de tentativas frustradas, retiraram seis corpos que estavam<br />

um ao lado do outro. A cada homem retirado da cova,<br />

uma nova expectativa nascia. Mas todas em vão, nenhum de-<br />

José Pascual Mateos, o Pepe • 105

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