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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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otar o gosto pelos livros que nutre até hoje e preenche diversas<br />

prateleiras em seu apartamento em Salamanca, repleto<br />

de títulos dos russos Tolstói e Dostoiévski, clássicos franceses,<br />

além de ganhadores dos prêmios Goncourt e Pullitzer.<br />

Já não é mais como em sua difícil infância, quando precisava<br />

pegar emprestado dos patrões de sua mãe. Na tenra idade,<br />

devorou, em apenas um ano, todas as obras de Júlio Verne.<br />

Naquelas páginas encontrou heróis valentes que enfrentaram<br />

desafios, perderam batalhas, mas no fim sempre alcançaram<br />

vitória. Nas horas de leitura, Pepe se lembrava da falta de informação<br />

sobre o real paradeiro de seu pai e se questionava<br />

em qual fase dessa jornada ele próprio estava. Os ensinamentos<br />

de Verne, um de seus autores favoritos, deram a energia<br />

para continuar acreditando no reencontro: “Nunca se fez<br />

nada grande sem uma esperança exagerada”, “Os obstáculos<br />

existem para serem vencidos”.<br />

A vida seguia sem grandes revelações sobre o fim de Eduardo.<br />

Todos os dias pela manhã antes do início das aulas,<br />

Pepe se unia aos outros alunos nas filas organizadas no pátio<br />

do colégio. No mesmo instante em que começava a tocar o<br />

Cara al Sol, dezenas de bracinhos se estendiam para frente<br />

imediatamente, como puxados por um fio de marionete. Um<br />

professor começou a notar que Pepe ficava inerte. E, de forma<br />

alguma, acompanhava os colegas entoando o hino. Certa<br />

vez, o mestre questionou:<br />

José Pascual Mateos, o Pepe • 91

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