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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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dos ao refeitório para tomar o café com leite aguado e o pão<br />

amanhecido servido na cadeia. O melhor horário da rotina<br />

era às 10h, quando os presos podiam receber visitas. Minutos<br />

antes desse horário, Remedios, muitas vezes acompanhada<br />

do pequeno Luís, amanhecia na fila de familiares que se formava<br />

naquela pequena porta que dava acesso à prisão. Eles<br />

traziam comida, tabaco, roupas, utensílios de higiene e um<br />

repertório de palavras de conforto. Muitas formas de dar<br />

amor e tentar amenizar a injustiça que estavam vivendo.<br />

O local onde ocorriam as visitas era uma sala de apenas dez<br />

metros quadrados, dividida por duas grades de barras grossas<br />

de aço, separadas por uma distância aproximada de dois metros,<br />

formando um corredor. O espaço estreito era ocupado<br />

por funcionários da prisão, que circulavam de um lado ao outro,<br />

impedindo o contato direto entre os presos e visitantes.<br />

Por turno, eram liberados dez presos e cada um tinha direito<br />

de receber apenas dois visitantes por dia. Nesses momentos,<br />

Remedios notava que os ponteiros se apressavam em seu relógio.<br />

Os quinze minutos que tinha ao lado do marido passavam<br />

vertiginosamente.<br />

A sala parecia um galinheiro no horário de visita na falta de<br />

um lugar reservado para conversarem. Aos gritos, Remedios<br />

tentava dizer ao marido que ainda não haviam declarado a<br />

sentença e que, logo, ele poderia voltar para casa. Pelo me-<br />

Luís Calvo Rengel • 51

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