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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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mira dos falangistas, membros leais ao partido do ditador<br />

Franco que liderava o levante contra a República. Eles temeram,<br />

mas, pensaram que talvez estivessem a salvo da repressão<br />

fascista por viverem em um povoado menor, afastado da<br />

constante movimentação da capital da província.<br />

Jesusa e Crisantos não foram poupados. Na madrugada de<br />

segunda-feira, 20 de julho, dia seguinte à tragédia, uma forte<br />

batida na porta da casa despertou o casal de súbito. O marido<br />

saiu apressado da cama para ver quem chamava. Enquanto<br />

calçava os chinelos, a esposa corria para vestir o penhoar.<br />

O quarto deles era o mais distante da entrada da casa. No caminho<br />

até a porta ficava o quarto das meninas, que dormiam<br />

um sono profundo e tranquilo. À medida que as batidas ficavam<br />

mais intensas, os dois se espremiam no corredor tentando<br />

fazer o mínimo de ruído possível para não despertar<br />

as filhas. Eles supunham quem os aguardava do lado de fora.<br />

Antes de colocar a mão na maçaneta, Jesusa deu um breve<br />

suspiro e olhou para o marido, que fez sinal para que ela<br />

abrisse. A esposa obedeceu. Deram de cara com dois oficiais:<br />

– O senhor é Crisantos Rodriguez Esteban? – indagou um deles.<br />

– Temos ordens para levá-lo à delegacia – completou o outro,<br />

como se fosse um jogral.<br />

Emília Rodriguez Fernandez • 115

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