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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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nhecido esses detalhes tão dolorosos. “Isabel não precisava<br />

ter dito”, pensa. Também faz a senhora, de 89 anos, repensar<br />

sobre os sentimentos pelos pais. “Eu gostava muito do meu<br />

pai, acho que até mais dele do que de minha mãe. Mas, hoje,<br />

reconheço que quando ela foi embora e eu soube por tudo o<br />

que ela passou, me deixou muita angústia por ela”, diz. “Tem<br />

vezes que eu me deito antes de dormir e me lembro deles, do<br />

que pensariam se soubessem de tudo o que eu e minha irmã<br />

passamos depois”.<br />

Poucos dias depois da partida dos pais, os oficiais voltaram à<br />

casa da tia em busca das duas meninas. A tia-avó, que estava<br />

com 80 anos, já não tinha forças para confrontar os militares<br />

e pedir que não as levassem, mesmo que soubesse que era o<br />

desejo de Jesusa. Ela também deveria temer as consequências<br />

à própria vida ao lutar pela guarda das meninas e as deixou ir.<br />

As pequenas, então, foram levadas até o quartel da Falange,<br />

onde foram registradas como “filhas de rebeldes”. No escritório<br />

do partido do regime franquista eram armazenados<br />

em fichas de papel todos os nomes das crianças e dos pais<br />

fuzilados na guerra, com o motivo da morte. Era uma estratégia<br />

para conhecer os potenciais inimigos. Temiam que os<br />

descendentes retornassem em busca de vingança. Grande<br />

parte desses documentos está no Arquivo Geral da Guerra<br />

Civil Espanhola, na cidade de Salamanca, até hoje.<br />

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