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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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para isso, era preciso a autorização do marido. Segundo a lei<br />

espanhola da época, em caso de abandono, a mulher teria<br />

de esperar cinco anos da ausência do cônjuge para retirar o<br />

documento. Ela precisou aguardar todo esse tempo, acorrentada<br />

a uma lei retrógrada, para dar mais um passo em sua<br />

vida. Quando se dirigiu ao tribunal para declarar que Tomás<br />

a deixou, Emília disse a única informação que sabia sobre<br />

o paradeiro do marido: ele partira para São Paulo, a maior<br />

cidade do Brasil. Não seria nada fácil encontrá-lo. Para piorar,<br />

o consulado brasileiro alegou que não tinha registro da<br />

chegada dele ao país. A probabilidade de Tomás ter entrado<br />

ilegalmente no Brasil dificultou ainda mais o processo para liberação<br />

da carteira de trabalho, que chegou às mãos de Emília<br />

apenas em 1960. Foram pouco mais de dois anos pulando<br />

de um emprego para outro em busca de registro profissional.<br />

Desejava as garantias asseguradas pelos diretos trabalhistas.<br />

Mas assim como muitos imigrantes, vivia profissionalmente<br />

à margem da sociedade. Acreditava ainda que essa era a<br />

possibilidade de estar, enfim, junto aos três filhos novamente.<br />

Assim que recebeu a carteira de trabalho, empenhou-se<br />

em buscar Tomás e Gloria em Salamanca. Primeiro, levou<br />

o menino de 14 anos para Paris, durante o verão de 1960. A<br />

caçula, de 11 anos, conseguiu trazer no ano seguinte.<br />

Anos antes quando chegou apenas com Josefa, Emília alugou<br />

um quarto para as duas em uma pensão. No edifício<br />

Emília Rodriguez Fernandez • 141

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