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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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seus pais adotivos a levassem até o encontro da irmã. Emília<br />

nem pode acreditar quando seus olhos encontraram os de<br />

Concepción, depois de três anos. O abraço foi silencioso,<br />

apenas as lágrimas pareciam trazer realidade àquela cena tão<br />

desejada pelas duas. Elas tinham tanto a dizer. Tantos dias de<br />

dor vividos na solidão. Emília sabia que no mundo inteiro,<br />

não havia outra pessoa que pudesse ser tão conectada a ela<br />

como Concepción. Uma era parte da outra e sabia cada dúvida<br />

e dor que haviam enfrentado nesses anos de afastamento.<br />

Mesmo com tanto a dizer, o contato durou cerca de uma<br />

hora – pouco tempo para colocar em dia os últimos acontecimentos<br />

de suas vidas, mas o suficiente para saber que a<br />

irmã mais velha também não estava feliz com a nova família.<br />

Nem ao colégio a levavam, passava a maior parte do tempo<br />

ajudando nas tarefas da casa e da loja dos pais adotivos. Outro<br />

motivo de decepção para Concepción foi ter perdido o<br />

relógio e os brincos da mãe, únicos bens que deixara às filhas,<br />

durante a mudança para a casa dos novos pais.<br />

Por tudo o que havia passado, Emília, que estava prestes a completar<br />

14 anos, agia como se fosse adulta. Era dona da sua própria<br />

vida. Protagonista de sua história, sabia que não queria nunca<br />

mais ficar longe de Concepción. Como ainda eram menores<br />

de idade, o jeito era fugir. Aqueles não eram seus pais e já haviam<br />

passado tempo demais sendo reféns das vontades alheias.<br />

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