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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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O único documento que Juan deixou à família foi escrito<br />

poucas horas antes de enfrentar o pelotão de fuzilamento.<br />

Os traços do texto eram firmes, como se nem sequer<br />

tivesse tremido ao escrever tão emocionante despedida.<br />

“Ali nos deixava a mais bonita herança, a única riqueza<br />

que possuía, a grande lição de sua vida, sua integridade,<br />

honra e lealdade à República, seu valor”, define Luís.<br />

Enquanto lia a mensagem de Juan, Luís confirmava que,<br />

mesmo sem saber, havia seguido os últimos desejos do<br />

pai. “Idolatrei o autor da minha vida e tratei de seguir<br />

o exemplo de vida que ele me deixou”. A lembrança<br />

também chegou às mãos de Miguel, que aos 68 anos,<br />

preferiu manter a decisão que tomou na adolescência de<br />

nunca mais ler o que o pai havia escrito para não encarar,<br />

novamente, aquelas palavras, que além de simbolizar o<br />

fim, falavam sobre injustiça, frustração e vazio.<br />

Luís ainda teve que enfrentar o sofrimento de enterrar<br />

sua mãe e o irmão mais velho alguns anos depois. A vida<br />

não foi fácil para o caçula da família Calvo Rengel, mas<br />

ele conseguiu transformar a dor em luta. O vazio em<br />

paz. A Plaza Mayor, por exemplo, foi palco do início da<br />

tragédia de sua família e de seu país, mas ele também<br />

sabe que os acontecimentos, por mais horrendos que sejam,<br />

podem trazer algo bom. Enquanto passeia pela pra-<br />

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