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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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Se de segunda a sexta-feira frequentava a escola, as manhãs<br />

de domingo estavam reservadas para o dever religioso.<br />

Pontualmente às 10h, os alunos se encontravam no colégio<br />

e saiam enfileirados, marchando até a igreja para assistir à<br />

missa. Como a mãe estava sempre ocupada com os serviços<br />

para sustentar a família, raramente acompanhava o garoto.<br />

Pepe também não tem lembranças do pai na igreja porque<br />

Eduardo era ateu. Ainda assim, o filho nunca o ouviu dizer<br />

uma palavra sequer contra Deus, defendia a verdade acima<br />

de tudo. Uma lição ficou guardada na memória de Pepe: “Se<br />

você não acredita em Deus, por que mentir? E se acredita,<br />

para que ofendê-Lo?”.<br />

As marmitas e as obrigações escolares estiveram com Pepe<br />

até 6 de junho de 1941, dia em que completou catorze anos e<br />

começou uma nova etapa. Nessa idade concluía-se o ensino<br />

básico, e como não precisava mais ficar horas em frente à<br />

lousa, o garoto tinha mais tempo para ajudar a mãe a conseguir<br />

dinheiro para a família. Então, já no dia seguinte de seu<br />

aniversário, trocou as entregas de comida pelo trabalho de<br />

ajudante em uma farmácia.<br />

Modesta também fez concessões. Com o passar do tempo,<br />

a ferida que ardia em seu coração foi cicatrizando. Em 1942,<br />

ela aceitou o pedido de casamento de um homem, que conhecera<br />

havia pouco. Gimiro era uma boa pessoa, um viúvo<br />

José Pascual Mateos, o Pepe • 93

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