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ECOS DO TIRO NA PRACA

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

Os tiros disparados a esmo na Plaza Mayor da cidade de Salamanca, na Espanha, fizeram as primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola, em 19 de julho de 1936. Oitenta anos após o início do conflito, considerado um dos mais hediondos da Europa, as consequências desta tragédia ainda ecoam na história dos moradores da cidade. Principalmente na vida dos três protagonistas dessa obra, que, ainda crianças, tiveram seus pais assassinados durante o regime franquista. Em depoimentos comoventes, os três filhos recordam o passado conturbado e mostram que é possível lutar por justiça sem derramar mais sangue.

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pessoa diante dele. A estratégia não funcionou com Modesta,<br />

que tremia abalada pela perda do pai de seus filhos, pela<br />

perda do grande amor. A notícia era uma infecção que se<br />

alastrava em seu corpo e contaminaria todos aqueles ligados<br />

a Eduardo. Em estado de choque, não conseguiu vencer o<br />

nó que travava as palavras em sua garganta. O executivo deu<br />

continuidade ao palavrório padrão e avisou que, dentro de<br />

alguns dias, passariam para recolher o material elétrico da<br />

empresa, que estava em posse de Eduardo até ser tirado da<br />

vida, e entregar o pagamento do trabalho do mês à esposa.<br />

Depois de um interminável minuto e ainda atordoada, ela<br />

saiu da sala sem dizer uma única palavra, aproveitando-se da<br />

chegada da secretária que entrou para dar um recado.<br />

Pensamentos atrozes invadiram a cabeça de Modesta enquanto<br />

suas pernas a conduziam pelas ruas de paralelepípedos<br />

até a Casa de las Conchas, onde estava a carona que a<br />

levaria à Armenteros. Como Eduardo havia morrido? Ele teria<br />

sofrido muito? Teriam-no torturado para arrancar alguma<br />

confissão? Como contar aos meninos? Também imaginava<br />

o futuro sem o marido ao mesmo tempo em que vinham as<br />

lembranças de felicidade ao lado dele. A confusão de imagens<br />

a impediu de prestar atenção no trajeto que fazia até o<br />

carro que a aguardava. Ia desgovernada ao endereço combinado.<br />

A dor de saber que seu amado não estava mais ao<br />

alcance de sua voz e de que todos os momentos comparti-<br />

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